Entre os dias 14 e 20 de junho, representantes de 14 países, incluindo Brasil, China, Estados Unidos, Reino Unido, Espanha, África do Sul e Paquistão, embarcaram em uma jornada de seis dias que proporcionou ao grupo uma visão sobre as conquistas chinesas na economia digital. O ponto alto dessa passagem pelo país asiático foi o Fórum Futuro em Foco, realizado no dia 20, em Pequim.
O evento foi co-organizado pelo Grupo Internacional de Comunicação da China (CICG, da sigla em inglês) - a maior agência de comunicação internacional abrangente da potência asiática - e pela Tencent - o gigante da internet líder na China - e coordenado pelo Centro CICG para as Américas. O fórum também apresentou um relatório intitulado "Sabedoria Global da Juventude: A Economia Digital Torna o Mundo um Lugar Melhor". (leia abaixo a íntegra, em inglês)
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Representante do Brasil
Entre os participantes, o brasileiro Filipe Porto, 32 anos, que visita a China todos os anos desde as Olimpíadas de 2008, em Pequim. Mestrando em Relações Internacionais pela Universidade Federal do ABC (UFABC). Pós-graduado em Jornalismo Internacional pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), bacharel em Defesa e Gestão Estratégica Internacional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Porto atua como pesquisador no GT Brasil-China do Observatório de Política Externa e da Inserção Internacional do Brasil (Opeb), no Núcleo de Avaliação da Conjuntura da Escola de Guerra Naval (NAC/EGN) e no Grupo Economia do Mar (GEM/DGP/CNPq).
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Em entrevista exclusiva à coluna China em Foco, da Revista Fórum, Porto relata que durante sua participação no programa ele fez questão de enfatizar a busca por cooperação sino-brasileira em áreas como o combate à extrema pobreza.
"Fiz questão de enfatizar a necessidade de buscarmos áreas válidas de cooperação nessa seara, principalmente no alívio da fome e da pobreza, da inclusão dos que ficaram para trás (que tem internet e celular mas não tem conta em banco, por exemplo) e de ações filantrópicas nesses apps - por exemplo, converter os passos que você deu durante o dia andando com o celular em dinheiro real para programas de caridade", contou Porto.
Na primeira parada do grupo, em Shenzhen, importante polo tecnológico na província de Guangdong, sul da China, os jovens tiveram interações presenciais com funcionários de empresas de tecnologia como Tencent e Honor, uma das principais fornecedoras de dispositivos inteligentes.
Porto observa que a cidade abriga um hub tecnológico de onde saem as exportações de manufaturas do maior valor agregado da China para o mundo.
"Cidade jovem, era uma vila de pescadores até quase 30 anos atrás. Após a China ter finalizado o objetivo de entrar na Organização Mundial do Comércio (OMC) utilizando o legado bancário e financeiro que os britânicos deixaram em Hong Kong (fronteira com Shenzhen), a China concentrou mais esforços no desenvolvimento tecnológico, reorientando o foco para Shenzhen", relatou.
Durante visita a Honor, fabricante de celulares, Porto e o grupo conheceram a planta de produção do “honor magic”, desde o início até o fim - o celular fica pronto em 32 minutos.
Em Pequim, o grupo experimentou a vida digital no estilo chinês ao se familiarizarem com o uso de bicicletas compartilhadas, serviços de transporte por aplicativo e pagamentos móveis.
Fórum Futuro em Foco
O Fórum Futuro em Foco, realizado no dia 20, em Pequim, contou com a participação da presidenta do Centro CICG para as Américas, Li Yafang; do gerente geral do Departamento de Marketing e Relações Públicas da Tencent, Zhang Jun; do diretor do Instituto China da Universidade Fudan em Xangai, Zhang Weiwei; do fundador e presidente do Centro China e Globalização, Wang Huiyao; do presidente da Associação Y Elites em Hong Kong, Clarence Ling Chun-kit, do vice-diretor da Academia de Mídia e Assuntos Públicos da Universidade de Comunicação da China, em Nanjing, An Fengshan; do vice-diretor da Escola de Ciência da Computação do Instituto de Tecnologia de Pequim, Liu Chi; e do sócio sênior do Instituto de Pesquisa Industrial Zhongguancun sediado em Pequim, Lu Pengyue.
Em seu discurso, Li, presidenta do Centro CICG para as Américas, afirmou que, durante essa jornada de exploração da próspera indústria de tecnologia da China, todos os jovens participantes internacionais experimentaram e testemunharam o desenvolvimento da sociedade, economia, tecnologia e cultura chinesas, ao mesmo tempo em que fizeram muitos novos amigos de diferentes países.
"Cada pessoa chinesa que você conhece é uma testemunha e participante do desenvolvimento da China contemporânea; suas histórias são um microcosmo da história de desenvolvimento do país na nova era", destacou Li.
Li disse ainda, como uma "jovem experiente", ela valoriza muito a comunicação e interação com os jovens, além de estar ansiosa para que jovens chineses e estrangeiros tragam novas perspectivas para o mundo entender a China e injetem nova energia na promoção de intercâmbios entre a China e outros países ao redor do globo.
Já Zhang Jun, da Tencent, mencionou que este evento foi apenas "o primeiro passo de uma longa jornada". Ele destacou que por meio da atividade, jovens chineses e estrangeiros perceberam que têm muito em comum: suas expectativas em relação à tecnologia digital são altas e estão cheios de curiosidades e desejo de descobrir e compreender o futuro.
"Com uma motivação tão forte, acredito que, no futuro, todos nos uniremos para construir mais pontes e criar mais plataformas de comunicação, confiança mútua e aprendizado, e criar mais oportunidades para que todos possam se comunicar uns com os outros", destacou.
China aos olhos de jovens estrangeiros
O representante do Peru, Jose Carlos Feliciano Nishikawa, contou que já morou na China antes e que de uma perspectiva muito pessoal, acredita que o foco de médio e longo prazo do país asiático e o papel de suas políticas públicas foram os aspectos mais importantes impulsionando esse rápido desenvolvimento.
"Esta viagem realmente me ajudou a compreender mais facetas do desenvolvimento das políticas, do ecossistema geral, das ferramentas e das variáveis que ajudaram a China a se tornar a economia digital mais avançada do mundo atualmente", explicou Nishikawa,
Para o representante da Espanha, Igor Alexander Bello Tasic, que esteve pela primeira vez na China, a realidade do país pareceu muito diferente do que ele está acostumado a ver nos relatos de notícias ocidentais.
"Minhas experiências pessoais nas ruas de Pequim e Shenzhen mostraram-me uma sociedade ambiciosa, porém equilibrada. Vi pais brincando com seus filhos nos parques, casais idosos dançando e casais desfrutando de uma refeição, tudo feito pacífica e harmoniosamente. Também vi profissionais focados trabalhando extremamente duro, querendo melhorar suas vidas e as vidas de suas famílias. Isso me inspira. Mais importante, me inspira como pai de dois meninos jovens, que espero que cresçam para se tornarem homens equilibrados, abertos, sem preconceitos e livres para ter amigos de todo o mundo", comentou o espanhol.
O que as pessoas precisam
Pelas redes sociais, o site chinês Beijing Review registrou destaque da fala de Porto durante o fórum na capital chinesa.
"O ditado chinês "jiaota shidi", ou "descendo à terra", resume o que a China tem feito. Isso se aplica à economia real e digital da China, além do fato de o país ser pragmático e oferecer às pessoas o que elas realmente precisam", disse o brasileiro.
À Fórum, Porto fez um resumo da sua jornada pela China ao longo de seis dias.
"As experiências que tive nas ruas de Pequim e Shenzhen me passaram a impressão de uma sociedade ambiciosa, mas equilibrada. O que encontro sempre que vou a China não é apenas uma, mas duas Chinas, que vivem um grande desafio: uma China que tem pressa, puxada por uma economia poderosa, com mudanças que vão e vem numa velocidade de tirar o fôlego. A outra que caminha mais devagar, se modernizando lentamente, tentando não deixar perder no tempo a sua maior riqueza: a tradição do seu povo", finalizou.
Sabedoria Global da Juventude
Com informações do China Daily