CHINA EM FOCO - ESPECIAL CULTURA CHINESA

Turismo bomba no Tibete, o 'teto do mundo'

Com uma cultura e paisagens únicas, a região autônoma situada no ponto mais alto da China busca se tornar um dos principais destinos turísticos do país asiático

Créditos: Xinhua - Área úmida de Lhalu em Lhasa, Região Autônoma do Tibete, sudoeste da China
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Sangye, proprietário de uma loja de acessórios estilo tibetano na Rua Barkhor, no coração de Lhasa, capital da Região Autônoma do Tibete, sudoeste da China, tem experimentado um aumento nos negócios ultimamente, graças a uma exposição programada para abrir na noite da última sexta-feira (9).

"Tenho recebido muitos mais clientes do que o habitual. E espero trazer mais produtos tibetanos para os turistas com a chegada da temporada turística", conta Sangye.

A exposição de três dias, oficialmente chamada de "5ª Expo de Turismo e Cultura da China Xizang", é um dos eventos mais importantes do Tibete. Cerca de mil empresas nacionais e estrangeiras trouxeram quase 10 mil tipos de produtos para exibição em uma área de exposição de 14 mil metros quadrados.

Ao mesmo tempo, a exposição serve como uma plataforma para promover a cultura tibetana para o mundo, com foco nos produtos característicos do Tibete, como porcelana de osso de iaque, utensílios de cozinha do Planalto e roupas de caxemira de iaque. O turismo na região também será promovido.

Xinhua - 
Flores de pêssego em plena floração em Nyingchi, no Tibete

Losum Tsering exibiu seis tipos de cerveja de cevada de Planalto em sua barraca. O tibetano estabeleceu uma fábrica de cerveja de cevada em 2018, combinando o alimento básico do Planalto com lúpulos no estilo estadunidense.

"Estrangeiros estão interessados no cultivo de cevada no 'teto do mundo', e meu sonho de vender minha cerveja para o mundo está se realizando na exposição", diz Losum.

O artesão nepalês Narayan levou panelas, tigelas e garrafas de cobre do Nepal.

"Esta é a minha segunda vez participando da exposição, e estou orgulhoso de trazer a arte tradicional da minha família para o Tibete", relembra Narayan, 38 anos.

Em sua primeira visita ao Tibete, Chen Lijuan, de Chongqing, sudoeste da China, levou chocolates artesanais que sua empresa importa da Austrália.

"O Palácio de Potala está com todas as reservas feitas. Só posso tentar a sorte depois da exposição", afirma Chen, que conseguiu visitar o Templo Jokhang e a Rua Barkhor em meio à sua agenda apertada.

Cultura tibetana

O Tibete é rico em recursos turísticos, com majestosas montanhas e rios, magníficas pradarias e florestas, e uma cultura étnica e religiosa profunda. Atividades como o Festival das Flores de Pêssego de Nyingchi e o Festival Shoton (banquete de iogurte) de Lhasa tornaram-se amplamente conhecidos entre os turistas.

Sun Lu, uma turista de Pequim, passou 10 dias no local e visitou o Museu do Tibete, tirou fotos com trajes tibetanos e planeja visitar a exposição.

"Não esperava que a região fosse tão moderna e fashion. Decidi explorar a exposição para saber mais sobre o Tibete", observa Sun.

Xinhua - 
Turista posa para fotos na Rua Barkhor em Lhasa, no Tibete.

Turismo bombando

A região recebeu mais de 11,73 milhões de chegadas de turistas nos primeiros cinco meses deste ano, um aumento de quase 45% em relação ao ano anterior, o que mostra uma evidente vitalidade do mercado e uma forte recuperação, informou o departamento regional de desenvolvimento do turismo.

Para transformar a região em um destino turístico de nível mundial, o governo central e o governo regional do Tibete têm apoiado a construção de infraestrutura turística e instalações de serviços públicos, e implementado uma série de grandes projetos de proteção cultural ao longo dos anos.

O Ministério da Cultura e do Turismo tem treinado continuamente gerentes locais de cultura e turismo, coordenando institutos de design de turismo para elaborar planos turísticos para vilas no Tibete de forma gratuita, além de organizar a participação dos departamentos de turismo do Tibete em exposições internacionais de turismo.

A partir de 2018, uma política abrangente de promoção do turismo de inverno tem sido implementada na região para oferecer entrada gratuita em atrações turísticas, incluindo o Palácio de Potala, e subsídios governamentais para hotéis e outros itens de gastos turísticos.

Xinhua - Turista tira fotos do Palácio de Potala em Lhasa, Tibete

Combate à pobreza

Hendy Yuniarto, professor da Escola de Estudos Asiáticos da Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim, relata que o turismo sustentável desempenhou um papel crucial na erradicação da pobreza no Tibete.

Da sociedade de servidão pobre e atrasada para uma sociedade socialista, o governo central chinês forneceu ao Tibete diversos recursos no processo, incluindo muitas políticas preferenciais e redução de impostos. Todas essas políticas ajudaram a região a sair da pobreza e também estabeleceram uma base sólida para o desenvolvimento do turismo, elenca Yuniarto, que visitou recentemente a região.

Dados oficiais mostram que o Tibete recebeu mais de 157,6 milhões de turistas nacionais e estrangeiros e obteve uma receita de turismo de 212,6 bilhões de yuan (29,8 bilhões de dólares dos EUA) de 2016 a 2020, o que representa 2,3 vezes e 2,4 vezes os números dos cinco anos anteriores, respectivamente, ajudando a retirar da pobreza 75 mil residentes registrados como pobres.

Xinhua - 
Cavaleiros se apresentam a cavalo para celebrar o Festival Shoton (banquete de iogurte) de Lhasa, no Tibete

O Tibete costumava ser a única região contígua de nível provincial com pobreza na China. A região alcançou o feito histórico de erradicar a pobreza absoluta até o final de 2019, com 628 mil pessoas sendo retiradas da pobreza.

Como o turismo se tornou uma indústria fundamental para promover o desenvolvimento acelerado do Tibete, a região deve se esforçar para melhorar o nível de desenvolvimento turístico e gestão de serviços, promover a integração do turismo, cultura e ecologia, criar uma "versão aprimorada" do turismo no Tibete e fazer todos os esforços para construir um importante destino turístico mundial, afirmou Dai Bin, presidente da Academia de Turismo da China.

Com informações da Xinhua