CHINA EM FOCO

China suspende financiamento para Buenos Aires pagar dívida com FMI

Chegou a conta de Javier Milei pelos ataques a Pequim durante campanha eleitoral e Casa Rosada se vê em apuros para conseguir arcar com compromissos da dívida externa

Créditos: Fotomontagem - Javier Milei (Getty Images) e Xi Jinping (VCG)
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A China interrompeu o financiamento de 6,5 bilhões de dólares  (aproximadamente 31,6 bilhões de reais) à Argentina, originário de um acordo de swap cambial.

Um acordo de swap cambial entre países é um tipo de arranjo financeiro em que dois bancos centrais trocam moedas. Nesse acordo, eles se comprometem a reverter a transação em uma data futura, normalmente a uma taxa de câmbio pré-estabelecida. Esses acordos são usados para melhorar a estabilidade financeira e facilitar o comércio e os investimentos entre os países envolvidos.

No caso de China e Argentina, este acordo foi estabelecido entre os bancos centrais dos dois países desde 2009. Em outubro de 2023, o ex-presidente argentino Alberto Fernández e o líder chinês Xi Jinping renovaram o acordo.

Os fundos foram empregados para pagar uma parcela da dívida argentina com o Fundo Monetário Internacional (FMi), totalizando  2,6 bilhões de dólares (em torno de 13 bilhões de reais) de um montante total de 44 bilhões de dólares (cerca de 220 bilhões de reais).

Além disso, a China disponibilizou uma linha de crédito adicional aos seus parceiros argentinos.

Agora, a potência asiática optou por suspender um empréstimo de US$ 6,5 bilhões destinado à Argentina, condicionando a liberação dos fundos à demonstração de que as recentes iniciativas de aproximação do novo presidente argentino, Javier Milei, com Pequim são genuínas.

O congelamento desse financiamento foi anunciado por Pequim na terça-feira (19) e ocorre simultaneamente ao início do governo do extremista de direita e ultraliberal Javier Milei na Casa Rosada.

Ataques à Pequim

Durante a campanha eleitoral, o então candidato que se autodrescreve como "libertário" e "anarcocapitalista" havia assegurado que, em caso de vitória nas eleições, cancelaria as relações comerciais da Argentina com a China, a qual descreveu como "ditadura comunista".

Ao receber uma carta de congratulações de Xi, o novo líder argentino mudou seu tom agressivo em relação ao governo chinês. Ao invés de persistir na bravata de que se distanciaria de Pequim, reconsiderou sua posição diante da importância da potência asiática como um dos principais parceiros comerciais da Argentina.

Depois de empossado, no dia 10 de dezembro, Milei esqueceu sua postura anticomunista e enviou uma carta a Xi para pedir a renovação do swap cambial.

A primeira interação oficial entre Buenos Aires e Pequim ocorreu no dia da posse de Milei entre a ministra das Relações Exteriores argentina, Diana Mondino, e o representante chinês, Wu Weihua.

De acordo com o jornal Tiempo Argentino, essa reunião diplomática entre representantes de ambos os países terminou em maus termos.

Segundo várias versões de seus participantes, a partir dos comentários da atual chanceler argentina, Diana Mondino, sobre a independência de Taiwan, território que a China não reconhece como estado independente, o mal estar entre a diplomacia sino-argentina piorou.

Pires na mão

Milei e seu ministro da Economia, Luis Caputo, contavam com a liberação desse dinheiro de Pequim para pagar compromissos que vencem nas próximas semanas.

O principal deles é uma parcela de 2,6 bilhões de dólares do empréstimo concedido pelo FMI. Sem o socorro da China, Milei conseguiu um crédito de 900 milhões de dólares com a Corporação Andina de Fomento (CAF), considerada uma espécie de banco de desenvolvimento sul-americano.

Com informações da Sputnik