O embaixador do Irã no Brasil, Abdollah Nekounam Ghadirli, chamou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, de “criminoso de guerra procurado” e “vigarista” em uma publicação nas redes sociais, nesta segunda-feira (16).
Em seu perfil, ele destaca que suas publicações são visões pessoais, porém, a publicação é uma tradução do mesmo conteúdo escrito no perfil do ministro iraniano Seyed Abbas Araghchi.
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“Benjamin Netanyahu é um criminoso de guerra procurado. É também um vigarista que enganou sucessivos presidentes dos Estados Unidos, levando-os a travar suas guerras há quase três décadas”, traduziu o embaixador.
Ghadirli ainda narrou que a visão dos iranianos é que houve uma espécie de “armadilha” e “sabotagem” durante a tentativa de retomar o Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês) entre o Irã e os Estados Unidos – diferente do que a mídia tradicional veicula, e cuja narrativa é de uma “ação preventiva” de Israel contra a “quase-produção” de armas nucleares pelo Irã.
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“Tudo indica que o objetivo de Netanyahu foi sabotar um acordo entre o Irã e os EUA, que estava no caminho certo para ser alcançado”, escreveu.
A partir do meio para o final da publicação, o embaixador ressalta que, se os EUA de fato querem agir com diplomacia e fazer jus às falas sobre cessar-fogo, é preciso que Israel pare os ataques ao Irã e que, se isso não for feito, o cenário continuará o mesmo. “Basta uma ligação de Washington para conter alguém como Netanyahu. Isso pode abrir o caminho para o retorno da diplomacia”, explicou.
E ainda alertou para um comportamento agressivo dos EUA na região ser passível de afetar o mundo todo:
“Por outro lado, mergulhar os Estados Unidos na 'Mãe de Todas as Guerras Eternas' destruirá qualquer possibilidade de uma solução negociada, com consequências perigosas, imprevisíveis e possivelmente INEFÁVEIS para a segurança regional e a economia global”, escreve.
O embaixador também descreve a coragem do povo iraniano perante os desafios, e ressalta que o país não foi quem começou o conflito com Israel, mas que não teme um conflito. “Continuaremos a castigar esses covardes enquanto for necessário, até que deixem de atacar nosso povo”, prometeu. “Não nos esqueçamos: o Irã NÃO começou esta guerra e não tem interesse em perpetuar o derramamento de sangue. Mas lutaremos com orgulho, até a última gota de sangue, para proteger nossa terra, nosso povo, nossa dignidade e nossas conquistas.”
O argumento do governo israelense
A visão do governo de Israel, veiculada amplamente na semana passada, é de que eles “não tiveram escolha” senão atacar o Irã na última sexta-feira (13), sob a justificativa de que era preciso parar o país antes que fosse capaz de produzir armamento nuclear, por conta da produção de urânio.
Existem, ainda, registros de que o governo israelense estaria censurando a veiculação de publicações multimídia acerca do conflito, como uma forma de demonstrar “força” perante a contra ofensiva iraniana.
Brasileiros em Israel
Ainda nesta segunda-feira (16), o Ministério das Relações Exteriores (MRE), o Itamaraty, revelou que uma delegação já foi retirada de Israel via Jordânia e que faltam, agora, apenas 27 políticos brasileiros. De quebra, ainda deu um tapa com luva de pelica nos políticos bolsonaristas que estão “ilhados” no país, desde o início do conflito com o Irã, na madrugada da última sexta-feira (13), reiterando que existem avisos consulares que desaconselham a viagem a Israel.
Viagens a Israel são desaconselhadas pela Embaixada do Brasil em Israel desde outubro de 2023, quando foi emitido um alerta consular em função da ofensiva militar israelense na Faixa de Gaza, que já resultou na morte de mais de 55 mil palestinos e mais de 1,5 mil israelenses até agora. Naquela ocasião, foram retirados 1.413 brasileiros por meio de aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB).