Em meio ao início da guerra tarifária do governo Trump, a União Europeia (UE) cogita tributar uma das exportações mais valiosas dos EUA: os serviços digitais das gigantes da tecnologia, que movimentam bilhões de dólares no mercado europeu. A guerra comercial, que já atinge produtos como aço, carros e uísque, vai agora alcançar serviços digitais de negócios das gigantes da tecnologia estadunidenses, como Apple, Google, Meta e a Starlink de Elon Musk.
Autoridades da União Europeia informaram ao jornal Washington Post que o bloco considera impor tarifas próprias sobre empresas dos EUA. "Algumas nações, incluindo a França, estão pressionando ativamente por uma resposta mais dura que inclua serviços digitais, enquanto outras, como a Itália, mais alinhada a Trump, costumam se opor, considerando essa medida uma provocação à Casa Branca.
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Apesar disso, ainda existe a possibilidade de o bloco agir de forma conjunta para impor "algumas medidas parciais contra os serviços americanos", conforme afirmou a autoridade. Ela destacou que, embora a segmentação de serviços digitais tenha sido inicialmente considerada provocativa, a escalada contínua e a falta de disposição do governo Trump para negociar podem mudar essa perspectiva.
As negociações refletem a frustração da Europa com as críticas seletivas de Trump ao comércio, que têm como principal alvo o déficit comercial dos EUA com a UE em produtos manufaturados. Apesar de o bloco europeu manter um superávit de US$ 170 bilhões em bens, também acumula um déficit de US$ 118 bilhões em serviços, conforme dados de 2023.
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Embora autoridades europeias tenham destacado que não há uma lista específica de serviços digitais sob consideração, as discussões sobre quais setores poderiam ser afetados podem se intensificar dependendo do impacto das novas tarifas dos EUA, esperadas para esta quarta (2).
Carros, aço e alumínio
O governo Trump já impôs tarifas sobre carros, aço e alumínio, e há receio entre os europeus de que as próximas medidas sejam ainda mais abrangentes, atingindo setores como alimentos, produtos farmacêuticos e outros segmentos essenciais.
Trump afirmou em fevereiro que as severas regulamentações impostas pela União Europeia às big techs americanas poderiam levar a “tarifas recíprocas”. Em um evento global de tecnologia realizado em Paris, o vice-presidente JD Vance reforçou as críticas ao classificar a regulação europeia sobre inteligência artificial como excessiva e rechaçou a Lei de Serviços Digitais, que estabelece normas para redes e plataformas no bloco.