Cúmplice de Israel no extermínio do povo palestino da Faixa de Gaza, que quer transformar em um balneário, Donald Trump acusou a África do Sul de "genocídio" de "fazendeiros brancos" e afirmou, em publicação nesta sexta-feira (11) na sua rede Truth Social, que não irá à reunião de Cúpula do G20, marcada para novembro em Joanesburgo.
"Como poderíamos esperar ir à África do Sul para a importantíssima Reunião do G20 quando o Confisco de Terras e o Genocídio são o principal tema das conversas? Eles estão tomando as terras de fazendeiros brancos e depois matando-os, junto com suas famílias", mentiu o presidente dos EUA, em mais um ataque ao país africano.
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Trump se refere, no entanto, à política de Reforma Agrária que teve início no país em 2018, quando começou um processo de restituição de propriedades roubadas por colonos e empresas de pessoas brancas durante o regime do Apartheid.
O censo de 2022 da África do Sul observou que os brancos constituíam 7,2% da população. No entanto, de acordo com uma auditoria de terras de 2018 feita pelo governo sul-africano, fazendeiros brancos possuíam 72% das terras agrícolas individuais do país. A maioria dessas terras estão nas mãos dos africâneres, descendentes de colonos calvinistas que promoveram a política de segregação racial sobre o povo negro no país.
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"Os Estados Unidos retiveram todas as contribuições para a África do Sul. É aqui que queremos estar para o G20? Acho que não!", emendou, sinalizando que não irá à Cimeira dos grupo, presidido pela África do Sul em 2025, que reunirá chefes de Estado das maiores econômicas do mundo.
O anúncio, em meio à guerra tarifária desencadeada sobretudo contra a China, é mais uma etapa do levante de Trump contra a África do Sul, que denunciou Israel à Corte Internacional de Justiça em Haia pelo genocídio perpetrado em Gaza.
Fiel escudeiro de Benjamin Netanyahu, o presidente dos EUA expulsou de Washington em março o embaixador sul-africano Ebrahim Rasool. Um mês antes, cortou 100% da ajuda humanitária ao país africano.
Antes do novo ataque ao povo sul-africano na Truth Social, Trump divulgou um livro do "amigo" Douglas Murray, jornalista britânico bajulador contumaz dos sionistas, que, segundo Trump, "documenta a barbárie do ataque brutal do Hamas a Israel em 7 de outubro e a resposta heroica de Israel".
"O livro serve como um forte lembrete de por que devemos sempre defender os Estados Unidos e nosso grande amigo e aliado, Israel", emendou o presidente dos EUA, fazendo merchandising da publicação.
Mentiras de Trump
Em fevereiro, um tribunal sul-africano rejeitou alegações de um "genocídio branco" no país como "claramente imaginado" e "não real", minando comentários de Trump e Elon Musk, imigrante bilionário dos EUA que nasceu na África do Sul.
A decisão veio quando o tribunal bloqueou a doação de um rico benfeitor a um grupo supremacista branco. O tribunal decidiu que essa solicitação era inválida, vaga e "contrária à política pública".
Em 2018, Trump já havia falado em "matança em larga escala de fazendeiros" na África do Sul. E Musk, que nasceu e cresceu na África do Sul, já condenou o que ele disse serem "leis racistas de propriedade" e mencionou anteriormente o "genocídio de pessoas brancas".
Apesar de prometer reprimir a imigração, Trump disse que fazendeiros sul-africanos brancos teriam permissão para se estabelecer nos EUA como refugiados por causa da perseguição que ele disse que eles enfrentaram.
Com informações da BBC