FAKE NEWS

Novo currículo escolar de estado dos EUA propõe ensinar "discrepâncias" nas eleições de 2020

As novas diretrizes foram inseridas no currículo pelo superintendente estadual de Oklahoma Ryan Walters, apoiador de Donald Trump, e reverberam a versão mentirosa repetida pelo mandatário republicano

Funcionária eleitoral da Califórnia higieniza uma cabine de votação após seu uso em um Centro de Assistência ao Eleitor em Davis, na Califórnia, durante a eleição geral de 2020
Funcionária eleitoral da Califórnia higieniza uma cabine de votação após seu uso em um Centro de Assistência ao Eleitor em Davis, na Califórnia, durante a eleição geral de 2020Créditos: Owen Yancher / CC BY-SA 4.0
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Nos Estados Unidos, o Conselho de Educação de Oklahoma aprovou novos padrões curriculares na área de estudos sociais estabelecendo que os estudantes serão solicitados a identificar “discrepâncias” nas eleições do país em 2020 como parte das aulas de história.

As novas diretrizes foram inseridas no currículo pelo superintendente estadual Ryan Walters, um firme apoiador do presidente Donald Trump, segundo o site Truthout, e reverberam a versão contada pelo mandatário republicano que sempre alegou, sem provas, que as eleições presidenciais de 2020, nas quais foi derrotado por Joe Biden, foram fraudadas.

O novo currículo escolar pede aos alunos do ensino médio que identifiquem "discrepâncias nos resultados das eleições de 2020 observando gráficos e outras informações" e examinem fatores como “a interrupção repentina da contagem de votos em cidades selecionadas em estados-chave de batalha” e “os riscos de segurança da votação pelo correio”. Também afirma que os educadores devem apontar para o "número recorde imprevisto de eleitores" da eleição.

Culpa da 'esquerda'

Um dos integrantes do conselho questionou o fato de as mudanças no currículo terem sido introduzidas bem depois do período de comentários públicos, não tendo sido expostas ao debate. Apesar disso, o colegiado votou, por cinco votos a um, a favor do novo currículo.

Na ocasião, o Oklahoman perguntou ao escritório de Walters quando a essa diretriz foi adicionada e por que os padrões atualizados não pareciam estar disponíveis publicamente antes da reunião do conselho de fevereiro. A porta-voz do superintendente estadual, Grace Kim, não respondeu às perguntas, mas enviou uma declaração de Walters.

“A esquerda sequestrou nosso sistema educacional. Temos professores ensinando abertamente nossos filhos a odiar nosso país e nossos líderes. Não em Oklahoma. Ao ensinar nossos padrões, acreditamos em dar à próxima geração a capacidade de pensar por si mesma em vez de aceitar posições radicais sobre o resultado da eleição conforme é relatado pela mídia”, disse.

Fake news sobre covid-19 e Bíblia 

O Truthout alerta ainda que o novo currículo também promove outras narrativas típicas da extrema direita estadunidense, como ensinar aos alunos que o coronavírus veio de um laboratório na China, algo não comprovado.

Os novos padrões são consistentes com as iniciativas nacionalistas cristãs anteriores de Walters, como exigir que cada sala de aula no estado tenha uma cópia da Bíblia, determinação contestada atualmente por moradores de Oklahoma por violar os direitos deles e de seus filhos garantidos na Primeira Emenda da Constituição, que proíbe o governo de estabelecer uma religião oficial.

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