Além do anúncio de que tomaria a faixa de Gaza, emissoras americanas noticiaram que o governo de Donald Trump deu início à elaboração de uma ordem executiva para desmantelar o Departamento de Educação dos Estados Unidos nesta terça-feira (4). O extremista republicano havia se mostrado a favor da extinção do órgão desde que assumiu a presidência.
Um esboço da ordem de Trump para desmantelar o departamento, obtido pelo Washington Post, mostra que apenas o Congresso tem o poder de extinguir a agência permanentemente, mas uma ação executiva poderia iniciar o processo de dissolução.
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Em dezembro, Trump indicou Linda McMahon, ex-CEO da World Wrestling Entertainment (WWE) e copresidente de sua transição, para o cargo de secretária de educação para articular com o parlamento a aprovação de uma lei que possibilitasse o desmonte. O republicano tentou extinguir o departamento durante seu primeiro mandato em 2017, mas foi impedido pelo Congresso.
Na campanha eleitoral, Trump fez do departamento um alvo constante, acusando-o de ser um foco daquilo que ele chamou de "guerra cultural". Ontem, ele mencionou que gostaria de extinguir o Departamento de Educação através de um decreto. "Gastamos mais por aluno do que qualquer outro país do mundo e estamos no final da lista. Estamos muito mal ranqueados. E o que eu quero fazer é deixar que os estados administrem as escolas," afirmou.
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Na última sexta-feira (31), dezenas de trabalhadores do órgão foram afastados para licença administrativa. Os servidores em questão teriam vínculo com programas de diversidade na gestão federal, que vêm sendo alvos de críticas por parte de Trump desde sua posse.
No dia anterior à licença, o presidente assinou um decreto que suspende o financiamento federal para o que ele denominou sob a tônica conspiracionista de "doutrinação de estudantes".
O decreto dizia: "Nos últimos anos, no entanto, os pais testemunharam escolas doutrinando seus filhos em ideologias radicais e antiamericanas, ao mesmo tempo em que deliberadamente bloqueavam a supervisão dos pais". No entanto, é importante lembrar que especialistas alertam que essa medida restringe a liberdade dos professores para abordar a educação racial, por exemplo.
Função do Departamento de Educação
Fundado em 1979, o Departamento de Educação é responsável por gerenciar o financiamento das escolas públicas, coordenar empréstimos estudantis e implementar programas voltados para apoiar estudantes de famílias de baixa renda. O Departamento de Educação não administra as escolas dos EUA e define os currículos, mas essa responsabilidade é, na verdade, dos estados e distritos locais.
A agência tem como funções a supervisão de programas de empréstimos estudantis e a administração de bolsas Pell, que oferecem suporte financeiro a estudantes de baixa renda para o ingresso na universidade. Além disso, o Departamento de Educação financia programas voltados para apoiar alunos com deficiência e aqueles provenientes de famílias em situação de pobreza.
A agência também é responsável pela aplicação das leis de direitos civis, que buscam combater a discriminação racial ou sexual nas escolas que recebem recursos federais. Além disso, o departamento implementa leis de direitos civis criadas para evitar discriminação racial ou sexual em escolas que recebem financiamento federal.
Trump vai tomar Faixa de Gaza
Numa coletiva de imprensa realizada na Casa Branca, em Washington, no início da noite desta terça-feira (4), o presidente norte-americano Donald Trump, que estava ao lado do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que a Faixa de Gaza agora pertence aos EUA.
O anúncio inacreditável gerou espanto nos jornalistas de todo o mundo que cobriam o evento. Sem cerimônias e ao arrepio das leis internacionais, o mandatário da maior potência militar do planeta simplesmente revelou que o território palestino foi tomado na mão grande por seu país. Ele prometeu ainda “trabalhar” ao lado do premiê israelense pela “reconstrução” da área.
“Os EUA tomarão conta da Faixa de Gaza, e nós faremos um trabalho com ela também... Nós tomaremos posse e seremos responsáveis por desmantelar todas as bombas perigosas não detonadas e outras armas de lá, nivelar o local e nos livrar dos edifícios destruídos... Criar um desenvolvimento econômico que fornecerá um número ilimitado de empregos e moradias para as pessoas da área. Fazer um trabalho de verdade. Fazer algo diferente”, disse Trump.
Um jornalista questionou o presidente americano sobre os palestinos e ele repetiu o que já havia dito mais cedo, que os palestinos não ficarão lá. “Simplesmente não dá para voltar [os moradores palestinos]... Se você voltar, vai acabar do mesmo jeito que tem sido nos últimos cem anos”, respondeu.
Um outro repórter perguntou a Trump “com qual autoridade ele afirmava que estava tomando um território soberano. O presidente dos EUA não foi para um embate com o profissional, mas respondeu que era aquilo mesmo que ele tinha ouvido.
“Eu vejo uma posição de propriedade de longo prazo, e vejo que isso trará grande estabilidade para aquela parte do Oriente Médio, e talvez para todo o Oriente Médio”, disse ao ser questionado.
Em suas palavras, a intenção é “demolir tudo” após “retirar todos os moradores [palestinos]” para criar na zona “uma Riviera do Oriente Médio”, numa alusão à Riviera Francesa, no Mar Mediterrâneo, ponto badalado de turismo de verão, onde segundo Trump “habitarão povos de todo o mundo”, tornando-se “um orgulho para o Oriente Médio”.