A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou, nesta segunda-feira (3), que será obrigada a fazer um corte de US$ 400 milhões no orçamento após o presidente Donald Trump retirar os Estados Unidos, maior investidor, da organização.
A medida foi anunciada pelo diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, durante a abertura da reunião anual do conselho executivo da entidade. Ele afirmou que a OMS terá que realizar uma série de cortes e priorizar programas da organização. Na reunião, os países participantes do conselho executivo propuseram um corte de US$ 400 milhões do orçamento de 2026-2027.
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"O comitê reconheceu que, com a saída do maior contribuinte financeiro, o orçamento não poderia ser 'business as usual' e que o princípio de um orçamento realista era fundamental a fim de garantir o alinhamento com as realidades econômicas e financeiras", diz um trecho do documento divulgado nesta segunda-feira.
O pacote de cortes anunciado prevê um realinhamento estratégico de recursos, o congelamento de recrutamento de novos profissionais de saúde, exceto em áreas consideradas mais críticas; redução de despesas com viagens, renegociação dos principais contratos de aquisição de produtos e insumos e redução de investimentos.
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O comitê afirmou que o corte previsto pode gerar "um crescimento nominal negativo em comparação com o biênio anterior, e que este deverá ser levado em conta em futuras discussões orçamentárias".
“O anúncio dos Estados Unidos tornou nossa situação ainda mais crítica”, afirmou Tedros. O diretor-geral também lamentou novamente a decisão e fez um apelo para que o país reconsidere a saída do órgão, pedindo que Trump estabeleça um diálogo com a OMS para discutir possibilidades de mudanças.
“Lamentamos a decisão e esperamos que os Estados Unidos reconsiderem. Acolheríamos com agrado um diálogo construtivo para preservar e reforçar a relação histórica entre a OMS e os Estados Unidos”, concluiu Tedros.
Corte de Trump em programa de combate ao HIV representa ameaça global, alerta OMS
A Organização Mundial da Saúde (OMS) se manifestou, na última terça-feira (29), sobre os cortes anunciados pelo presidente Donald Trump a programas de combate ao HIV com um alerta grave sobre as consequências dessa medida. Em nota, a instituição afirma que a interrupção de financiamento ao programa representa uma "ameaça global".
Segundo a OMS, mais de 30 milhões de pessoas ao redor do mundo podem ficar em situação de risco de vida com os cortes anunciados. A medida também pode levar o mundo de volta às décadas de 1980 e 1990, quando milhões de pessoas morriam devido ao HIV.
"Uma parada de financiamento para programas de HIV pode colocar os viventes com HIV em risco imediato de doença e morte, além de minar os esforços para prevenir a transmissão em comunidades e países. Essas medidas, se prolongadas, podem levar ao aumento de novas infecções e mortes, revertendo décadas de progresso e possivelmente levando o mundo de volta aos anos 1980 e 1990, quando milhões morriam de HIV a cada ano, incluindo muitos nos Estados Unidos", diz trecho do comunicado.
"Apelamos ao governo dos Estados Unidos para que autorize isenções adicionais para garantir o fornecimento de tratamento e cuidados vitais para o HIV", acrescenta a nota.
O corte de financiamento afeta o Plano de Emergência do Presidente dos Estados Unidos para o alívio da AIDS, que fornece os medicamentos e causa impacto principalmente em países mais pobres, como os do continente africano.
O Brasil também deve ser afetado com a medida, já que recebe financiamento do programa para baratear os custos com o tratamento da Aids. Além disso, estudos realizados pela Fiocruz para aumentar a conscientização sobre a doença também podem ser paralisados.
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