SAÍDA PELA DIREITA

Trump retira Estados Unidos da OMS

A relação de Trump com a OMS é ruim desde 2020, quando ele ameaçou bloquear o financiamento do país à entidade por conta das divergências em relação à pandemia

Prédio da OMS em Genebra, na SuíçaCréditos: Yann Forget/Creative Commons
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma ordem executiva determinando que o país se retire da Organização Mundial da Saúde (OMS). O decreto foi assinado em meio a uma série de ações subscritas por ele no Salão Oval, nesta segunda-feira (20).

“Essa é uma das grandes”, disse Trump, antes de assinar o documento.

A relação de Trump com a OMS é ruim desde 2020, quando ele atacou a agência por conta de sua abordagem em relação à pandemia do coronavírus e ameaçou bloquear o financiamento dos Estados Unidos à entidade. Depois que ele perdeu a eleição, no mesmo ano, o rompimento não se materializou.

Segundo o The New York Times, entre as consequências para da decisão está o fato de o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) estadunidense não poder ter mais acesso aos dados globais que a agência fornece. Quando a China caracterizou a sequência genética do novo coronavírus em 2020, ela liberou as informações para a OMS, que as compartilhou com os demais países para o desenvolvimento de pesquisas, inclusive para os próprios EUA.

Saída da OMS não surpreende 

Em dezembro, o Financial Times já falava da possibilidade de os Estados Unidos saírem da OMS. Hoje, o país é o principal doador e parceiro da entidade, com US$ 1,284 bilhão direcionado à instituição durante o biênio 2022–2023, o equivalente a 16% do financiamento total.

"As contribuições ajudam a manter os Estados Unidos e o mundo protegidos de ameaças, ao mesmo tempo em que apoiam melhor saúde e bem-estar para populações ao redor do mundo, com foco nos mais vulneráveis", diz o site da organização.

“OS EUA vão deixar um enorme vácuo no financiamento e liderança da saúde global. Não vejo ninguém que vá preencher a lacuna”, apontou na ocaisão ao FT o professor de saúde global na Georgetown Law, Lawrence Gostin, acrescentando que o plano de retirada “no primeiro dia” da nova gestão seria “catastrófico” para a saúde global.

Além do prejuízo direto às ações da OMS, a saída dos EUA pode causar uma espécie de efeito dominó. "Politicamente, a falta de apoio de Trump pode abrir a porta para um apoio menor de outros países, em um ambiente de ceticismo crescente em relação ao engajamento internacional e à ajuda externa em geral — especialmente entre muitos partidos de direita ascendentes na Europa — em meio a restrições fiscais e pressões para aumentar os gastos com defesa", aponta a consultora de saúde do Eurasia Group Laura Yasaitis em entrevista ao GZero.  

 

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