A equipe de transição do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, estaria exercendo pressão para que o pais seja retirado da Organização Mundial da Saúde (OMS) já no primeiro dia do novo governo.
As informações são do Financial Times (FT). Hoje, o país é o principal doador e parceiro da OMS, com US$ 1,284 bilhão direcionado à instituição durante o biênio 2022–2023, o equivalente a 16% do financiamento total. "As contribuições ajudam a manter os Estados Unidos e o mundo protegidos de ameaças, ao mesmo tempo em que apoiam melhor saúde e bem-estar para populações ao redor do mundo, com foco nos mais vulneráveis", diz o site da organização.
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“OS EUA vão deixar um enorme vácuo no financiamento e liderança da saúde global. Não vejo ninguém que vá preencher a lacuna”, aponta ao FT o professor de saúde global na Georgetown Law, Lawrence Gostin, acrescentando que o plano de retirada “no primeiro dia” da nova gestão seria “catastrófico” para a saúde global.
Trump e OMS, um filme repetido
Não seria a primeira vez que Donald Trump busca um rompimento com a OMS. Em 2020, no auge da pandemia de covid-19, ele promoveu diversos ataques verbais à entidade, a acusando, entre outros pontos, de ser "controlada" pela China. No entanto, ele nunca chegou a concretizar sua intenção e, em 2021, Joe Biden reforçou a interlocução com a instituição.
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Desta vez, o time do presidente eleito para o segundo mandato conta com figuras como Robert F. Kennedy Jr., um oponente ferrenho da vacinação, indicado para liderar o Departamento de Saúde e Serviços Humanos, órgão do governo federal encarregado da proteção da saúde pública e fornecimento de serviços e programas sociais.
Outro nome alinhado a RFK é o do ex-congressista Dave Weldon, indicado para dirigir o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). Ele também questiona a segurança dos imunizantes e já promoveu a falsa alegação de uma ligação causal entre vacinas e autismo.
Além do prejuízo direto às ações da OMS, a eventual saída dos EUA pode causar uma espécie de efeito dominó. "Politicamente, a falta de apoio de Trump pode abrir a porta para um apoio menor de outros países, em um ambiente de ceticismo crescente em relação ao engajamento internacional e à ajuda externa em geral — especialmente entre muitos partidos de direita ascendentes na Europa — em meio a restrições fiscais e pressões para aumentar os gastos com defesa", aponta a consultora de saúde do Eurasia Group Laura Yasaitis em entrevista ao GZero.
"Os esforços contínuos de preparação para a pandemia, como o tratado da pandemia, seriam amplamente prejudicados, assim como outros esforços, como a campanha de erradicação da poliomielite", diz ela.