Uma ilha do Pacífico Central, na região da Micronésia, abriga um pequeno país insular — que mede apenas 21 km², e é considerado a terceira menor nação do mundo. Essa nação, a Ilha de Nauru, tem adotado um método inusitado para "cobrir os custos" das mudanças climáticas, que já modificam seu território de maneiras irreversíveis: a venda de passaportes.
Os habitantes do pequeno país têm suas moradias ameaçadas pelo aumento do nível do mar na região, que avança rapidamente, causando inundações frequentes.
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Os cidadãos de Nauru, que já foi integrado como território de diferentes potências coloniais — como Alemanha, Reino Unido e a própria Austrália, e tornado independente apenas em 1968 —, têm de se locomover para fugir das consequências, e isso tem custado caro ao governo.
Inicialmente, a economia da ilha estava baseada na extração de fosfato, encontrado em rochas ricas em fósforo e oxigênio, e usado como fertilizante e na produção de alimentos. Na década de 1970, Nauru tinha uma renda per capita significativa — uma das maiores do mundo. Ao longo das últimas décadas, no entanto, a crise econômica se acentuou com a exaustão de suas reservas minerais, e o país entrou em recessão; hoje, tem sobrevivendo sobretudo da pesca, de serviços financeiros parcos e de auxílio externo.
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Agora o governo da ilha recorre a um programa de mobilidade global de cidadãos a fim de arcar com os custos de realocar cerca de dez mil de seus residentes.
São necessários cerca de US$65 milhões para transformar a ilha com um projeto de reconstrução que prevê urbanização, a criação de mais áreas plantáveis e a geração de mais empregos. Mais de 90% da população de Nauru seria realocada sob esse plano.
A estratégia tem sido a venda de passaportes que permitem, além do livre acesso a Nauru para permanência e visitação, alcançar outros países que também aceitam o visto da ilha — estão incluídos entre eles a Irlanda, Singapura, os Emirados Árabes e até o Reino Unido. Um visto de Nauru pode custar até US$ 140.500.
O passaporte Nauru está classificado em 61 de acordo com o Guide Passport Index, que mede a pontuação de um passaporte de acordo com seu nível de "privilégios" no acesso a países. Em 2025, o passaporte de Singapura é considerado o mais poderoso do mundo, e permite a entrada em 195 países sem necessidade de visto. Já os detentores do passaporte de Nauru podem acessar, sem necessidade de visto, até 52 países, e até 82 destinos a partir de Autorização Eletrônica de Viagem (eTA).
Com mais de 80% de seu território considerado inabitável, enfatiza a SBS News, a ilha de Nauru tem tido perdas graves de biodiversidade e sofrido diversos danos de infraestrutura.
Para contornar a situação econômica e avançar no combate às consequências das mudanças climáticas, o país também tem se oferecido, nos últimos anos, a servir como abrigo para refugiados vindos da Austrália em troca de auxílio financeiro.
Com a nova iniciativa da venda de passaportes, denominada "O passaporte dourado: mobilidade global para milionários", em tradução livre, espera-se gerar uma receita de até 9 milhões de dólares australianos em um ano, caso o número de solicitantes chegue a 66.