A China alerta para presença de jihadistas uigures no exército sírio. A preocupação de Pequim foi expressa pelo embaixador chinês Fu Cong durante reunião do Conselho de Segurança da ONU.
A fala do representante permanente da China nas Nações Unidas foi feita nesta quarta-feira (8). Ele expressou preocupação com a situação na Síria após a queda do regime de Bashar al-Assad.
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O diplomata enfatizou a necessidade de estabilizar o país e de iniciar um processo político inclusivo, além de prevenir o ressurgimento de forças terroristas.
A reunião do Conselho de Segurança da ONU realizada neste 8 de janeiro destacou a situação no Oriente Médio, com foco na instabilidade política na Síria.
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Fu, representante permanente da China nas Nações Unidas, expressou preocupação com relatos de que o exército sírio incorporou combatentes estrangeiros, incluindo membros do Partido Islâmico do Turquestão (TIP), às suas forças armadas.
O diplomata chinês enfatizou que o novo governo sírio tem a obrigação de impedir que forças terroristas utilizem o território do país para ameaçar a segurança de outras nações.
"Independentemente de como a situação doméstica na Síria evolua, a linha de tolerância zero ao terrorismo não pode ser alterada", afirmou durante o discurso.
Incertezas na Síria
A integração de figuras como Abdulaziz Dawood Khudaberdi, comandante das forças do TIP na Síria, agora promovido a general de brigada, chamou atenção internacional.
O TIP, formado majoritariamente por combatentes uigures, historicamente esteve envolvido em ações contra o regime de Bashar al-Assad, principalmente na região de Idlib, onde foi aliado ao grupo jihadista Hayat Tahrir al-Sham (HTS).
Pequim considera o TIP uma extensão do Movimento Islâmico do Turquestão Oriental (ETIM), listado como grupo terrorista pela ONU, e responsabiliza o grupo por ataques violentos na região de Xinjiang e no ataque com carro-bomba na Praça Tiananmen em 2013, que deixou cinco mortos.
Com a queda do regime de Assad, o novo governo sírio parece ter incorporado combatentes estrangeiros como estratégia de reforço militar, mas isso levanta dúvidas sobre a estabilidade regional e o impacto dessas ações na segurança internacional. Pequim teme que o fortalecimento do TIP na Síria possa repercutir em movimentos separatistas e extremistas que ameaçam sua própria segurança nacional.
A presença e o avanço de grupos jihadistas no novo regime sírio sublinham a complexidade das dinâmicas políticas e militares na região. O envolvimento de combatentes estrangeiros, incluindo membros de organizações como o TIP, pode ter implicações profundas na segurança regional e nas relações internacionais, destacando a necessidade de uma abordagem coordenada para conter o terrorismo na Síria.
A complexa questão de Xinjiang
A região de Xinjiang, localizada no noroeste da China, tem sido palco de tensões étnicas e religiosas, principalmente envolvendo a minoria muçulmana uigur.
O governo chinês alega que grupos separatistas, como o Movimento Islâmico do Turquestão Oriental (ETIM) e o Partido Islâmico do Turquestão (TIP), têm promovido atividades terroristas na região, visando a criação de um estado independente chamado "Turquestão Oriental".
Entre 1990 e 2016, ocorreram milhares de ataques terroristas em Xinjiang, resultando em significativas perdas humanas e materiais. Esses incidentes levaram Pequim a implementar políticas rigorosas de segurança e campanhas de contraterrorismo para conter a violência e o extremismo na região.
Em janeiro de 2024, o governo chinês divulgou um relatório detalhando suas políticas de contraterrorismo, com o objetivo de refutar alegações ocidentais de violações dos direitos humanos contra os uigures. O documento destaca os esforços para manter a estabilidade e a segurança em Xinjiang, enfatizando que as medidas adotadas são necessárias para combater o terrorismo e proteger a população local.