DONALD TRUMP

Após pressões de Trump, Dinamarca pode abrir mão da Groenlândia

Para o ministro das Relações Exteriores dinamarquês, a Groenlândia "tem suas próprias ambições" e está livre para se tornar independente se assim desejar — desde que não se torne um estado norte-americano

Presidente Donald Trump e ministro das Relações Exteriores da Dinamarca, Lokke Rasmussen.Créditos: White House Archives
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Na manhã da última terça-feira (7), Donald Trump, que deve assumir a presidência dos EUA no dia 20 de janeiro, fez declarações ousadas durante uma coletiva de imprensa sediada em Palm Beach, no seu resort de luxo, Mar-a-Lago. 

Ao ser questionado a respeito do "uso da força militar" para garantir o controle do Canal do Panamá (um dos principais canais comerciais do mundo, com 82 km de extensão, a ligar o Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico) e a Groenlândia (região politicamente autônoma do Reino da Dinamarca, geograficamente localizada na América do Norte), Trump disse que, embora não pudesse se comprometer a "garantir" esses territórios, considera-os de "uma necessidade absoluta" para a segurança e a economia norte-americanas.

Especialmente a respeito da Groenlândia, Trump sugeriu que a Dinamarca deveria "desistir de seu direito legal" sobre a ilha em favor dos EUA: "Precisamos disso para a segurança nacional", afirmou.  

Em resposta a essas afirmações, a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen (Partido Social-Democrata), enfatizou que, embora os EUA sejam "seu aliado mais próximo" e tenham "um papel importante na região [da Groenlândia]", o território não está à venda e pertence aos groenlandenses

Independência, mas não para fazer parte dos EUA

Na quarta-feira (8), o ministro das Relações Exteriores da Dinamarca, Lars Lokke Rasmussen, respondeu às declarações de Trump, que não descartou completamente o uso da força para a empreitada de "defender o mundo livre", voltando-se às necessidades próprias da Groenlândia, que "tem suas próprias ambições".

Para Rasmussem, a Groenlândia pode se tornar independente se assim desejar, mas não com o propósito de se tornar um estado federal norte-americano, afirmou ele durante coletiva de imprensa, conforme noticiam veículos internacionais.

A Groenlândia tem um longo histórico de contato com os nórdicos, que chegaram à ilha, a maior do mundo (com 2.166.086 km² de extensão), já no ano 982, e a anexaram como território colonial em 1721. Apenas em 1953 a ilha deixou de ser considerada colônia dinamarquesa e passou a ser "parte oficial do reino da Dinamarca", como território autônomo. 

A região já abriga bases militares norte-americanas desde a década de 1950, com um longo histórico de cooperação entre os EUA e a Dinamarca — há, inclusive, uma base “ultrassecreta” que data da Guerra Fria, composta por passagens de túneis subterrâneos em que era possível transportar mísseis balísticos de alcance médio e, eventualmente, atacar a antiga União Soviética com maior precisão (localizada a menos de 3 mil km de distância).

Leia também: A base militar ultrassecreta dos EUA “debaixo do nariz” da União Soviética | Revista Fórum

Trump já havia publicado previamente em suas redes sociais um mapa da América do Norte que integrava o Canadá e o Alaska ao território dos EUA, novamente sob o lema da "segurança nacional". Dessa forma, os EUA estariam oferecendo  proteção militar e possibilidade de crescimento aos canadenses. 

O presidente ainda disse que o Golfo do México, de 1,6 milhão de km² de extensão, uma das áreas de produção de petróleo offshore mais importantes do mundo, que liga o Estreito da Flórida ao Atlântico, deveria se tornar o "Golfo da América".

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