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Estes são os verdadeiros objetivos de Trump na Groenlândia

Corrida pelo Ártico se intensifica e há muito poder e dinheiro em jogo

Exército dos EUA no Ártico da SuéciaCréditos: Exército dos EUA
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Nas últimas semanas, o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, tem intensificado sua retórica expansionista com um novo objetivo geoestratégico: a Groenlândia.

Este território gelado, com uma população de cerca de 60 mil habitantes, é, segundo o direito internacional, parte da Dinamarca. Contudo, Trump tem pressionado os nórdicos - inclusive com ameaças de sanções e tarifas comerciais - para que cedam a ilha de gelo aos EUA.

Mas por que esse local pouco habitado entrou na mira de Trump?

Por conta das mudanças climáticas, abriram-se novas rotas de navegação na região, que ainda possui vastos recursos naturais submarinos pouco explorados.

Oceano Ártico está em disputa entre Rússia e EUA (Foto: Wikimedia Commons)

Uma pesquisa da United States Geological Survey de 2008 estima que as áreas da região possuem 90 bilhões de barris de petróleo não descoberto e 44 bilhões de barris de líquidos de gás natural. Isso representaria, à época, 13% do petróleo não descoberto no mundo.

Soma-se a isso o fato de que a Rússia controla 53% da costa do Ártico, enquanto os EUA têm apenas a região do Alasca. Outra parte está nas mãos do Canadá - que Trump também tem pressionado intensamente -, além de Suécia, Noruega e Finlândia. Além, é claro, da Groenlândia.

Nos últimos anos, o extremo norte tornou-se um objetivo estratégico para os Estados Unidos, a Rússia e a China, com interesses declarados nos campos militar, econômico e tecnológico.

A corrida pelo Ártico

Trump tem se voltado para a Groenlândia ao perceber a desvantagem frente aos esforços russos na região.

A Rússia modernizou sua presença militar no Ártico, com o estabelecimento de novas bases, reforma de portos da era soviética e o deslocamento de ativos avançados, como mísseis de defesa e submarinos.

Forças especiais russas no Ártico (Foto: Rosguard.ru)

Com o derretimento do gelo, Moscou busca capitalizar os recursos naturais por meio da Política do Ártico 2035. Essa política enfatiza a soberania sobre a Rota Marítima do Norte (NSR) e atrai investimentos internacionais enquanto mantém controle rigoroso sobre atividades de extração de recursos.

A Frota do Norte foi expandida para cerca de 120 navios, com destaque para o uso de navios quebra-gelo, garantindo operações em águas geladas.

Além disso, a China, embora geograficamente distante, declarou-se um "estado próximo ao Ártico" e está expandindo sua influência através de investimentos em tecnologias de uso dual e infraestrutura ao longo de rotas estratégicas.

Desde 2017, Pequim oficializou a intenção de integrar o Ártico à Iniciativa do Cinturão e Rota, visando acesso a recursos energéticos e estoques pesqueiros.

China e Rússia têm fortalecido parcerias na região. Em novembro, o ministro de Transportes chinês, Liu Wei, reuniu-se com Alexey Likhachev, diretor da Rosatom (empresa de energia atômica russa), para discutir cooperação nas rotas do Ártico.

Do outro lado

A OTAN, que recentemente adicionou Finlândia e Suécia à sua lista de vassalos, intensificou exercícios militares no Ártico, especialmente em resposta às capacidades russas na região.

Entretanto, com a desconfiança crescente de Trump em relação à própria OTAN, a necessidade de conquistar mais território "soberano" dos EUA no Ártico se torna mais relevante.

Trump não está de olho na Groenlândia apenas por motivos de segurança nacional, mas também pelos potenciais ganhos econômicos na região polar. E óbvio: quer rivalizar com Moscou e Pequim.

Os EUA e a OTAN estão investindo pesadamente em capacidades de comando, controle, comunicações, computadores, inteligência, vigilância e reconhecimento (C4ISR) para monitorar atividades militares no Ártico. Isso inclui aprimoramento de sistemas de satélites e desenvolvimento de novas tecnologias para observar as ações de Rússia e China.

O Ártico se torna, ao lado do Pacífico, o principal ponto de embate entre as potências militares globais. Apesar de o conflito não ser novo, Trump está deixando claro o que está em jogo no extremo norte do planeta.

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