Na manhã de terça-feira (7), o novo presidente dos EUA, Donald Trump, a apenas duas semanas de sua cerimônia oficial de posse (que deve ocorrer em 20 de janeiro), participou de uma coletiva de imprensa no Mar-a-Lago, resort de luxo adquirido por ele em Palm Beach, na Flórida.
Entre críticas ao ex-presidente Jimmy Carter, falecido aos 100 anos em 29 de dezembro de 2024, ataques ao Hamas e a sugestão de uma agenda "neoimperalista moderna" para os EUA, com a pretensão de integrar ao território nacional o Canal do Panamá, a Groenlândia e o Canadá (um de seus parceiros comerciais e aliados mais próximos), Trump também se referiu à situação da guerra entre Rússia e Ucrânia e revelou uma posição "simpática a Putin".
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Para o presidente, Joe Biden cometeu um erro ao mudar a estratégia norte-americana na OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em relação à Ucrânia.
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"Uma grande parte do problema", ele disse, "é que a Rússia, por muitos, muitos anos, antes mesmo de Putin, já havia dito: 'Você não pode envolver a OTAN com a Ucrânia'". Isso "está escrito em pedra", afirmou Trump, que então criticou a postura de Biden ao permitir que a OTAN considerasse a possibilidade de tornar a Ucrânia um possível membro da aliança militar.
"Bom, aí a Rússia teria alguém bem ali na sua porta, e eu consigo entender os sentimentos [da Rússia] a esse respeito", prosseguiu Trump.
Apesar de a Ucrânia nunca ter sido formalmente convidada a integrar a OTAN, o governo de Joe Biden demonstrou apoio a uma eventual adesão do país, bem como os demais membros da aliança, que se opõem veementemente à Rússia. Como nota a Reuters, desde a Cúpula de Bucharest, em 2008, essa possibilidade é constantemente trazida à tona como ferramenta de pressão geopolítica da UE (que tem entre seus membros 23 países a integrar a aliança), e é um desejo de longa data do governo ucraniano.
Trump também já se posicionou de maneira "compreensiva" à posição de Putin outras vezes: em novembro de 2024, ele havia dito ser capaz de "acabar com a guerra em dias", num cenário em que o chefe da aliança militar, Mark Rutte, defendia armar ainda mais a Ucrânia. A pretensão de acabar com a guerra revelava, no entanto, que concessões territoriais teriam de ser feitas por parte da Ucrânia, assim como um congelamento de longo prazo da ideia de sua adesão à OTAN e a instauração de uma zona desmilitarizada gerida por forças de paz "neutras", sem financiamento norte-americano.
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Apesar de grande parte dos membros da OTAN ser a favor de estender um convite à Ucrânia, Trump e seus aliados têm se mostrado altamente contrários a esse cenário. O presidente afirmou, durante as entrevistas desta terça, ter seis meses para resolver de vez o conflito, que, para ele, "nunca deveria ter começado".
Já o encontro entre ele e Putin, disse Trump, deve ocorrer apenas depois do dia 20.