Nesta segunda-feira (6) os Estados Unidos anunciaram a primeira morte de uma pessoa em decorrência da gripe aviária. O paciente, do estado da Louisiana, estava hospitalizado desde dezembro, tinha mais de 65 anos e condições médicas subjacentes.
Segundo o Departamento de Saúde do estado, o homem foi exposto a um bando de pássaros selvagens e também domésticos, que devem ter transmitido a doença. Até agora, os EUA já registraram 67 casos de gripe aviária em humanos.
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A maioria dos pacientes adoeceu após exposição a gado ou aves infectadas e tiveram sintomas relativamente brandos. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos afirma que "estudou cuidadosamente as informações disponíveis sobre a pessoa que morreu na Louisiana e continua avaliando que o risco para o público em geral continua baixo".
"Mais importante, nenhuma transmissão de pessoa para pessoa foi identificada. Assim como no caso da Louisiana, a maioria das infecções por gripe aviária H5 está relacionada a exposição de animais para humanos", diz ainda o CDC.
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OMS: risco ainda é baixo
A avaliação de risco baixo também é corroborada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
De acordo com a porta-voz da agência, Margaret Harris, a gripe aviária "não está circulando em humanos, mas saltando para humanos que são expostos" a aves ou gado leiteiro e o quadro atual não representa uma "circulação sustentada".
No momento, a principal atenção, segundo a entidade, deve ser com aqueles que trabalham em setores rurais e frigoríficos, que precisam ser mais bem protegidos, disse ela, nesta terça-feira (7).
Preocupação com mutações
O risco é considerado baixo porque ainda há muitas barreiras impedindo que esta cepa do vírus se espalhe entre as pessoas. Contudo, um estudo publicado na revista Science no início de dezembro mostra que a versão da gripe aviária que infecta principalmente vacas nos EUA está a apenas uma mutação de distância de conseguir se disseminar de forma mais eficaz entre humanos.
"Ainda não sabemos se os vírus da gripe H5N1 [causadores da doença] evoluirão para se tornar uma doença humana", aponta virologista Ed Hutchinson, da Universidade de Glasgow, ao MedicalXPREss.
No caso do paciente de Lousiana, suas amostras genéticas foram analisadas e continham mutações que poderiam, em teoria, ajudar o vírus a infectar as células humanas de forma mais efetiva.
Essas mutações foram observadas nos estágios finais da infecção e não estavam presentes nas amostras de vírus coletadas das aves domésticas que infectaram o paciente, conforme reportagem do The New York Times. Isso significa que as mudanças ocorreram à medida que o vírus se adaptou ao seu hospedeiro humano, em vez de se espalharem amplamente na natureza.
O mais importante, no momento, é controlar a disseminação da gripe aviária entre animais para reduzir ainda mais as chances de ocorrerem mutações. "Porcos estão em fazendas com galinhas e vacas, e galinhas e vacas podem infectar, com seu vírus, um porco, e então um vírus humano pode entrar em [um] porco, e então pode haver uma recombinação de um vírus que tem algumas das qualidades perigosas do H5N1 e alguma capacidade de se espalhar de humano para humano", explicou o ex-diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas e professor da Escola de Medicina e Escola de Políticas Públicas da Universidade de Georgetown, Anthony Fauci, em um podcast da Scientific American.
"Então, é com isso que as autoridades de saúde pública estão preocupadas: quando você tem a circulação desse vírus em várias espécies, incluindo uma espécie de 'tigela de mistura' como um porco, você pode obter uma recombinação e uma mutação que pode tornar isso algo com que realmente tenhamos que nos preocupar."