ALERTA

Gripe aviária: risco de transmissão entre humanos está aumentando

Após se adaptar a novos hospedeiros, como os bovinos, vírus está aprimorando sua capacidade de disseminação, segundo pesquisadores

Capacidade de adaptação de algumas cepas do vírus preocupa os cientistasCréditos: Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas
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A gripe aviária continua causando preocupação nos EUA. Nesta semana, a Organização Mundial de Saúde Animal publicou um relatório informando que uma cepa da doença, a H5N9, foi encontrada entre aves doentes de uma fazenda de patos na Califórnia.

Esta linhagem do vírus já havia sido identificada antes, mas o Departamento de Agricultura dos EUA apontou que foi a primeira vez que a H5N9 foi encontrada em aves doentes com "influenza aviária altamente patogênica", o que significa que a infecção causou uma doença grave.

Pesquisadores acreditam ser possível que a H5N9 tenha surgido por meio de "recombinação" nas aves, onde outra cepa, a H5N1, pode se misturar geneticamente dentro de um animal infectado.

"A H5N1 se recombina com outros vírus da gripe aviária com bastante frequência e até mesmo a proteína H5 HA atual que está infectando vacas leiteiras e granjas comerciais de aves nos EUA demonstrou se recombinar", pontua o professor de microbiologia e imunologia na Universidade Johns Hopkins, Andy Pekosz, à CBS News.

A cepa H5N1 tem formado o grupo dominante nos EUA, com diferentes variantes desse vírus se espalhando em aves selvagens, rebanhos de aves, gado leiteiro, animais de estimação, com pelo menos 67 casos humanos confirmados.

O perigo da gripe aviária cresce

Há aproximadamente um ano, a gripe aviária atingiu o gado leiteiro pela primeira vez no território estadunidense, e desde então infectou mais de 900 rebanhos, sem mostrar sinais de redução.

Dos casos confirmados em humanos, o que inclui uma morte, nenhum resultou da transmissão entre humanos, condição que preocupa os cientistas, pois poderia desencadear uma pandemia. O fato de o vírus estar se adaptando a novos hospedeiros como vacas e outros mamíferos eleva o grau de alerta.

“O risco aumentou à medida que avançávamos — especialmente nos últimos meses, com o relato de [algumas] infecções graves”, diz Seema Lakdawala, virologista de influenza na Faculdade de Medicina da Universidade Emory, em Atlanta, Geórgia, em entrevista à publicação científica Nature.

A revista diz ainda que uma análise de genomas virais publicada em 6 de janeiro no servidor de pré-impressão bioRxiv 2, ainda não foi revisada por pares, mostra que o vírus está aprimorando sua habilidade de se disseminar entre os bovinos.

“Se o vírus se adaptou às vacas, ele também está melhor adaptado para entrar em células humanas”, diz à Nature o coautor do estudo, Daniel Goldhill, um virologista evolucionista do Royal Veterinary College perto de Hatfield, Reino Unido. “Este é um primeiro trampolim para o vírus — e aumentou o nível de risco dele saltar para humanos.”

Os erros não aprendidos da pandemia

O The New York Times, em matéria publicada nesta segunda-feira (27), também alerta para uma possível repetição de erros já cometidos na pandemia de covid-19, com diretrizes ineficazes, testes inadequados e atrasos na divulgação de dados.

"Ainda não estou preocupado em fazer as malas e ir para as montanhas, mas houve mais sinais nas últimas quatro a seis semanas de que esse vírus tem capacidade de desencadear uma pandemia", disse Richard Webby, especialista em gripe do St. Jude Children's Research Hospital, ao periódico estadunidense.

O jornal nota que as autoridades federais também alteraram sutilmente o tom ao discutir o surto, enfatizando agora a rapidez com que a situação pode mudar.

Também nesta segunda, foi registrado no Reino Unido o caso de uma pessoa infectada com gripe aviária. As autoridades de saúde descreveram como um caso “raro” de transmissão de aves para pessoas. Ele foi infectado com o genótipo DI.2, que atualmente circula em aves do país.

Esta é uma cepa diferente da que passou de animais para pessoas nos Estados Unidos. O paciente foi infectado após “contato próximo e prolongado com inúmeras aves infectadas” em uma fazenda em West Midlands, conforme a Agência de Segurança Sanitária do Reino Unido (UKHSA).

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