Na semana passada, a Arábia Saudita anunciou um ambicioso plano para enriquecer urânio, incluindo sua produção e exportação, como parte de uma estratégia para diversificar sua matriz energética.
A declaração foi feita pelo ministro da Energia, príncipe Abdulaziz bin Salman, durante um fórum em Dammam, capital da província oriental do país.
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"Enriqueceremos urânio, venderemos e faremos de tudo, incluindo a produção da torta amarela", afirmou o príncipe, referindo-se ao óxido de urânio, matéria-prima para combustível nuclear.
Ele ressaltou que o objetivo do projeto vai além do uso doméstico, abrangendo também exportações. A ideia é explorar mais de 90 mil toneladas de urânio, o suficiente para abastecer futuros reatores nucleares e exportar para outros países.
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Nos anos 1970 e 1980, a Arábia Saudita financiou de maneira intensa o programa nuclear do Paquistão, um dos poucos países no mundo que detém armas nucleares. Em 1999, o príncipe Sultan, da Arábia Saudita, chegou a visitar as infraestruturas secretas nucleares paquistanesas.
Riad, que entrou nos BRICS no ano passado, já havia sinalizado sua intenção de avançar na energia nuclear como forma de reduzir sua dependência do petróleo e diversificar a economia.
Contudo, a declaração de que o país enriquece urânio reacende preocupações globais, especialmente considerando a rivalidade regional com o Irã, que também possui um avançado projeto nuclear.
O príncipe herdeiro e líder policio do país Mohammed bin Salman afirmou que os sauditas desenvolveriam armas nucleares caso Teerã o fizesse, alimentando especulações sobre o real propósito do programa.
O programa nuclear saudita, atualmente monitorado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) sob o Protocolo de Pequenas Quantidades, deve passar a um regime de fiscalização mais rígido até o fim de 2024. Essa transição ocorre em meio a tensões crescentes no Oriente Médio e à busca por maior autonomia energética.