GUERRA POLÍTICA

Uma nova Guerra Fria? Rússia fala sobre possibilidade de realizar testes nucleares

Governo russo estabeleceu uma condição para não testar armas nucleares, e ela envolve os Estados Unidos

Estação nuclear.Créditos: Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos
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O governo de Putin tem ameaçado retomar os testes nucleares no país desde a revogação do pacto com a Organização do Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares (CTBTO), em 2023.

Na terça-feira da semana passada (17), o chefe das operações de testes nucleares da Rússia afirmou que estaria pronto para voltar a realizá-los a qualquer momento se a ordem fosse dada por Moscou, que não realiza testes do tipo desde a assinatura do CTBTO, em 1996.

Desde então, a Rússia tem se concentrado em modernizar seu arsenal nuclear sem a necessidade de testes explosivos.

Os EUA também são signatários do CTBTO, mas nunca chegaram a ratificar o tratado (processo legal interno em que o legislativo formaliza o compromisso), o que Putin invocou como motivo para sua revogação. À época, no ano passado, o governo russo deixou claro que a revogação do tratado não significava a intenção de voltar com os testes, mas recebeu a reprovação de Washington. 

Nesta segunda-feira (23), o governo russo voltou a se manifestar a respeito dos testes nucleares, e impôs uma condição política para continuar a restringi-los no país: que os EUA também se abstenham

As especulações sobre a retomada dos testes pela Rússia ocorreram por conta de alguns sinais internos preocupantes (além da escalada do conflito com a Ucrânia), como uma entrevista do jornal estatal em que Sinitsyn, o chefe de operações nucleares do país, afirma que a área dos testes "está pronta para a retomada de testes em grande escala".

Esses sinais podem ser uma provocação direta ao governo norte-americano, que avança com a OTAN sobre as fronteiras russas, mas o vice-ministro das Relações Exteriores, Sergei Ryabkov, disse aos veículos de imprensa do país que nada mudou na decisão do governo — e enfatizou sua condição primordial: desde que os EUA também não tenham movimentações nesse sentido, a decisão deve se manter. 

Bate-e-volta

As tensões entre Washington e Moscou e suas recusas mútuas de tratados internacionais têm sido escaladas há anos. 

A mesma coisa aconteceu com o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF), assinado pelos EUA e a URSS em 1987, no contexto da Guerra Fria, responsável por banir mísseis e lançadores de mísseis de alcance médio de ambos os países a fim de evitar um potencial conflito armado.

Em fevereiro de 2018, sob a alegação de que o tratado havia sido desrespeitado pela Rússia em múltiplas ocasiões, o então presidente, Donald Trump, encontrou sua escusa para retirar a participação dos EUA do acordo.