DEPOIS DE PROVOCAÇÃO...

Ex-presidente da Rússia promete tanques em Berlim

Segue a ofensiva da Ucrânia em território russo.

Reação.A presença de tanques alemães, supostamente utilizados pela Ucrânia em território russo, causou reação.Créditos: Yevgeny Khaldei, na Wikipedia
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A ofensiva da Ucrânia em território russo, que já dura uma semana, é um peça de propaganda que tem pouca relação com futura derrota militar de Moscou.

O duplo objetivo é desmoralizar Vladimir Putin e forçá-lo a desviar atenção da conquista integral dos territórios das repúblicas de Donetsk, Lugansk e do que Moscou chama de "nova Rússia": terras das regiões ucranianas de Kharkiv, Kherson, Mykolaiv, Zaporizhzhia e da península da Crimeia.

Somadas, correspondem a cerca de 20% do território ucraniano.

O presidente da Ucrânia, Volodymir Zelensky, ao romper o silêncio sobre o ataque à região russa de Kursk, relacionou o assunto ao suposto fracasso de Putin em 12 de agosto de 2000, quando o submarino Kursk naufragou no mar de Berings, matando os 118 tripulantes.

Kursk, a capital da região sob ataque, fica a mais de 500 quilômetros de Moscou.

Autoridades de Kiev dizem que suas tropas controlam dezenas de vilarejos russos.

A Rússia afirma que matou mais de 2.000 soldados da Ucrânia, 420 nas últimas 24 horas, ao repelir os ataques.

Informações independentes da propaganda oficial são difíceis de confirmar.

PERIGOSA ESCALADA

Putin, tratando do ataque a território russo, disse que a Ucrânia quer desviar atenção do constante avanço das tropas de Moscou na linha de contato, especialmente nas proximidades da cidade estratégica de Pokrovsk, um centro de logística da Ucrânia sob ameaça.

Desde a invasão russa, em 24 de fevereiro de 2022, os mil quilômetros de fronteira entre os dois países no Norte da Ucrânia permaneceram levemente guardados.

A incursão ucraniana sobre Kursk, a maior até agora em território russo, pode obrigar Moscou ao deslocamento de tropas.

Os dois países trabalham com recursos humanos limitados.

A decisão de atacar diretamente território russo tem relação, ainda, com o calendário eleitoral: convida o futuro eleito nos Estados Unidos a suspender limites ao uso de armamento da OTAN na Rússia.

Ao menos formalmente, a OTAN desautoriza o uso de suas armas em território russo, temendo uma escalada do conflito.

Moscou sustenta que Kiev trava uma guerra do Ocidente contra a Rússia por procuração.

O ex-presidente russo, Dmitry Medvedev, reagiu de maneira espantosa à provocação do tabloide alemão Bild:

O jornal alemão Bild publicou um artigo revanchista onde anuncia orgulhosamente o regresso dos tanques alemães às terras russas. Em resposta, faremos tudo para trazer os mais novos tanques russos para a Praça da República.

A Praça da República, em Berlim, é onde fica o Parlamento alemão.

A Alemanha já forneceu mais de 5 bilhões de euros em ajuda militar à Ucrânia, inclusive tanques Leopard, cujo uso foi autorizado sem limites.

No final da Segunda Guerra Mundial, quando invadiram Berlim e derrotaram Hitler, soldados soviéticos subiram ao topo do prédio do Parlamento e hastearam a bandeira da URSS.

É a imagem icônica à qual Medvedev, agora vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, se referiu indiretamente.