O líder do Hezbollah, Sayyid Hassan Nasrallah, fez um discurso nesta quinta-feira (19). É a primeira fala do líder do partido xiita libanês desde a declaração do novo objetivo de guerra israelense no Líbano e do ataque do Mossad aos pagers e walkie-talkies ligados ao grupo.
Durante esta semana, ataques às comunicações do grupo feriram tanto militantes do Hezbollah quanto civis, resultando em 37 mortes, incluindo uma criança, e quase dez mil feridos.
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Nasrallah, então, fez seu aguardado pronunciamento, chamando o ato de Israel de terrorismo contra "crianças e mulheres" e desafiando Benjamin Netanyahu.
O xiita afirmou que o ataque aos pagers se trata de uma "operação terrorista em grande escala, um ato de genocídio e massacre," equivalente a uma "declaração de guerra."
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"Formamos comitês investigativos e estamos examinando de perto todos os cenários, hipóteses e possibilidades," disse Sayyed Nasrallah.
"Não há dúvida de que fomos submetidos a um golpe significativo em nível de segurança e humanitário, sem precedentes na história da nossa Resistência," afirmou. "Sofremos um grande golpe, mas isso é guerra. Reconhecemos que o inimigo tem supremacia tecnológica, especialmente por ser apoiado pelos Estados Unidos e pelo Ocidente coletivo", completou.
O desafio a Netanyahu
Na segunda-feira (16), Israel oficializou seu objetivo de destruir o Hezbollah, intensificando o conflito com o grupo, que atua no sul do Líbano. A declaração oficial do governo sionista é que precisa devolver os mais de 60 mil israelenses que fugiram do norte do país por conta dos ataques do Hezbollah.
"O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu pode devolver os colonos ao norte? Estamos assumindo isso como um desafio, sabendo muito bem que eles não podem, independentemente das ações que tomem", disse o líder do Hezbollah.
Sayyed Nasrallah também garantiu que a frente islâmica libanesa não vai parar de atacar Israel até que o genocídio em Gaza e a violência na Cisjordânia terminem, "independentemente dos sacrifícios e repercussões futuras."
Tropas israelenses estão sendo deslocadas para a região, sinalizando uma possível invasão terrestre do sul do Líbano, o que também motivou uma resposta de Nasrallah:
"A sugestão insensata do comandante do norte de estabelecer uma faixa de segurança nos faz esperar que eles realmente sigam em frente com isso, para que seus tanques sejam mais fáceis de atingir," comentou.
"Se o inimigo estabelecer uma faixa de segurança, ele deve entender que será emboscado e que a zona se transformará em um pântano, uma armadilha da qual não conseguirá sair," advertiu Nasrallah. "A retaliação que os israelenses enfrentarão permanecerá um segredo bem guardado dentro dos nossos círculos fechados, e eles não ouvirão nada sobre isso até que chegue a hora", completou o chefe do Hezbollah.
A situação no Líbano
O primeiro-ministro interino do Líbano, Najib Mikati, declarou que o país "está em guerra" após os intensos ataques israelenses à fronteira sul do Líbano.
Na madrugada de quinta-feira (19), Israel realizou uma grande ofensiva aérea na fronteira sul do Líbano, uma das maiores desde o início das tensões em outubro passado.
Mikati condenou a violência, referindo-se às explosões de dispositivos de comunicação operadas pelo Mossad como "brutalidade sem palavras". Ele reforçou que o governo libanês é contra o conflito, buscando apoio do Conselho de Segurança da ONU.
O Irã, aliado do Hezbollah, pode intensificar sua participação no conflito caso as tensões aumentem, especialmente após ataques anteriores a figuras e instalações iranianas.
O Hezbollah possui uma grande quantidade de mísseis e soldados, enquanto Israel conta com armamento de alta tecnologia. Uma guerra poderia ser devastadora para ambos os lados.