GEOPOLÍTICA

A estratégia de Putin para driblar as sanções dos EUA através de um aliado

A Rússia contaria com uma potência aliada para interceptar comércio com os EUA, em desafio à política de sanções norte-americana

O presidente russo Vladimir Putin.Créditos: Mikhail Metzel/TASS
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O Departamento de Energia dos Estados Unidos desconfia de que a recente sanção sobre a importação de urânio enriquecido da Rússia esteja sendo contornada pelo comércio com a China

Em dezembro de 2023, como parte da estratégia norte-americana de enfraquecer o governo russo no conflito com a Ucrânia, os EUA baniram a importação de urânio enriquecido da indústria russa, de que hoje depende grande parte da indústria energética de base no mundo.

Rosatom, monopólio estatal da energia nuclear russa, detém cerca de 40% da capacidade global de enriquecimento de urânio, que é usado como combustível nuclear para reatores (essa forma de energia corresponde a 10% de toda a eletricidade mundial).  

Com a decisão dos Estados Unidos, as importações desse produto se tornaram mais comuns pela China, que chegou a enviar cerca de 243 mil quilos de urânio aos EUA no mesmo mês da sanção, de acordo com a Comissão de Comércio Internacional norte-americana. 

Nos anos anteriores, a China não havia enviado nenhuma quantidade da commodity aos EUA, o que levantou suspeitas. O governo norte-americano agora desconfia de que as exportações de urânio da China sejam, na verdade, uma interceptação da compra desse produto da Rússia, que é então repassado aos mercados ocidentais.

De acordo com um representante do governo, "oficiais norte-americanos estão observando as importações da China e de outros países para garantir que não estão importando urânio russo como parte de um esquema", conforme noticiou a Reuters

A sanção dos EUA é também uma estratégia para mitigar o cenário de dependência energética da Rússia nas cadeias de comércio global. O país agora tenta avançar seu próprio mercado de urânio — a administração de Biden liberou 2.72 bilhões de dólares em investimento na produção doméstica dessa commodity após banir o comércio com a Rússia. Quase 20% de toda a energia nos Estados Unidos é produzida por reatores nucleares.