O jornal norte-americano The New York Times e a rede de televisão catari Al Jazeera, em reportagens, revelaram ao mundo, na noite desta terça-feira (17), como os serviços secretos de Israel conseguiram levar a cabo uma das ações mais surreais, ultra complexas e cinematográficas da história ao explodirem simultaneamente milhares de aparelhos pagers no Líbano, visando atingir integrantes do grupo Hezbollah, o que resultou em nove mortos e quase 2.800 feridos, entre eles o embaixador do Irã em Beirute.
Num primeiro momento, quando as explosões que ocorreram num breve intervalo de menos de uma hora foram confirmadas, as suspeitas foram de que uma espécie de ataque cibernético teria feito com que as baterias dos equipamentos esquentassem e explodissem, mas isso logo foi descartado porque seria algo impossível da forma como ocorreram os incidentes.
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Agora, o que se confirma é outra coisa: uma operação inacreditável e ousada que, para o Mossad e o Shin Bet, foi “um sucesso”. Os aparelhos ‘bips’ receberam uma pequena carga de explosivos entre 20 e 50 gramas, além de um minúsculo dispositivo de detonação remoto.
Mas você deve estar se perguntando: como foi possível fazer isso com milhares de aparelhos que chegaram ao Líbano para serem majoritariamente operados pelos integrantes do Hezbollah dos mais diferentes escalões?
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Segundo o NYT, o Mossad conseguiu ter acesso a uma carga com um grande lote de pagers fabricados pela empresa Gold Apollo, de Taiwan. Não ficou claro em que etapa do processo os explosivos foram implantados, se na empresa taiwanesa, no armazenamento antes do despacho, no período em que o material esteve em trânsito para o destino final, ou se já em território libanês.
Com as mãos nas inúmeras caixas do dispositivo eletrônico, a inteligência israelense colocou esses pequenos explosivos e os detonadores remotos minúsculos, fechou os aparelhos e embalagens, e deixou a carga como se tivesse acabado de sair da fábrica para que o Hezbollah a recebesse e distribuísse a seus homens.
Já a Al Jazeera confirmou as suspeitas e obteve uma resposta do grupo libanês sinalizando que os pagers foram comprados há cinco meses e que todos eram parte de um mesmo lote. Alguns poucos aparelhos que não detonaram, ou que detonaram com pouco força, de fato, tinham uma carga explosiva em seu interior.
A segunda pergunta que não quer calar é por que praticamente todos os equipamentos explodiram presos ao corpo ou nas mãos de seus usuários, já que alguém poderia ter deixado o aparelho em cima de uma mesa no trabalho, ou afastado de si dentro de casa. A resposta também é inacreditável.
Para ter certeza de que os ‘bips’ explodiriam juntos aos donos, a inteligência israelense programou o dispositivo para emitir um sinal sonoro diferente por pelo menos um minuto antes da detonação, o que fez com que os usuários fossem pegá-lo no caso de o pager estar longe. Algumas cenas da explosão que foram registradas por todo o país, principalmente em locais públicos, mostram que realmente os utilizadores do mecanismo começaram a olhá-lo momentos antes de tudo ir pelos ares, o que faz supor que um alerta estava sendo emitido.
A ideia de explodir os obsoletos equipamentos também teve uma razão muito bem planejada. Os pagers, quando estão com seus donos, são normalmente presos ao cinto ou ao bolso da calça, uma região com várias artérias e muito sensível a traumas, o que pode resultar facilmente na morte do alvo.