Israel gaba-se de ter forças armadas entre as mais poderosas do planeta e de possuir um sistema integrado de proteção antiaéreo, com destaque para o ‘infalível’ Iron Dome, inigualável em eficiência. No entanto, um fato ocorrido nas primeiras horas da madrugada de domingo (15) mudou completamente essa presunção de intocabilidade da nação governada pelo extremista Benjamin Netanyahu.
O grupo rebelde dos Houthis, que controla parte do território do Iêmen, lançou dois mísseis balísticos hipersônicos contra Israel e os artefatos chegaram ao meio do território do Estado judeu, deixando para trás a sofisticada parafernália que sempre tornou os céus israelenses praticamente invioláveis. Mas uma pergunta passou a ressoar desde então entre os cidadãos que acompanham o conflito no Oriente Médio e não têm informações mais aprofundadas e técnicas sobre o embate: como um grupo que nem mesmo forma um Estado soberano, e que tem muitas limitações primárias econômicas e de infraestrutura, possui e opera algo tão supermoderno como um míssil hipersônico?
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Os Houthis são aliados de primeira hora do Irã e financiados militarmente de forma direta pelo governo dos aiatolás. Os mísseis balísticos hipersônicos lançados pelos Houthis são de fabricação iraniana e estão no rol dos mais eficientes e sofisticados do mundo neste segmento. Para se ter uma ideia, eles foram disparados de território iemenita e cruzaram aproximadamente 2.040 quilômetros em pouco mais de 11 minutos, acertando o coração de Israel.
A situação é tão incomum e assombrosa que até mesmo o gabinete de Netanyahu e as IDF (Forças de Defesa de Israel), acostumados a minimizar as forças inimigas e a empregar um discurso arrogante desmentindo o sucesso de operações dos adversários, desta vez deu a desculpa que “a defesa antiaérea até acertou os mísseis, mas eles não teriam sido atingidos em cheio”, negando que tais artefatos fossem hipersônicos. Mas eram e Israel sabe disso.
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Oficialmente negando o uso pelos inimigos de mísseis deste tipo, Telavive afirmou num primeiro momento que mísseis superfície-superfície (“comuns”) teriam caído em zona desabitadas, para depois se corrigir e afirmar que “foram interceptados”, mas que destroços da arma dos Houthis, assim como de seus mecanismos antiaéreos, teriam explodido ao atingir o solo. Balela, porque quase todos os especialistas militares confirmaram o uso dos sofisticados projéteis iranianos.
Netanyahu deu uma entrevista na manhã desta segunda-feira (16), após reunião com seu gabinete de Defesa, fazendo ameaças ao grupo iemenita e ao Irã, mesmo sabendo que a partir de agora as coisas devem mudar totalmente.
“Esta manhã, os houthis lançaram um míssil superfície-superfície do Iêmen para o nosso território. Eles deveriam saber que nós fazemos pagar um preço alto por qualquer tentativa de nos prejudicar”, disse o premiê israelense, conforme reporta a francesa RFI.
Para a maior parte dos analistas do conflito, o pesadelo desde agora torna-se real. Os sistemas antiaéreos de Israel, incluindo aí o Iron Dome, podem até interceptar alguns desses mísseis hipersônicos iranianos disparados pelos Houthis, mas numa proporção bem menor que os quase 100% dos mísseis convencionais e foguetes rudimentares do Hamas.
Numa conta rápida, se o grupo iemenita dispara simultaneamente 20 destes mísseis hipersônicos e numa operação de sucesso a defesa antiaérea israelense intercepta 10, outros 10 atingirão alvos precisos no território do Estado judeu, o que provocaria uma tragédia até hoje nunca experimentada pelo país. As próximas horas e dias serão fundamentais para se analisar qual será a estratégia adotada por Benjamin Netanyahu daqui para a frente.