Numa noite em que parece ter sido abastecido por uma razoável dose de ansiolíticos, o republicano Donald Trump conseguiu conectar com o público em ao menos dois pontos importantes.
O primeiro diz respeito ao estado em que foi realizado o debate entre ele e Kamala Harris, a Pensilvânia, que pode determinar o resultado da eleição de 2024.
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Trata-se do fracking.
Depois de mudar de posição sobre a prática, que tem o potencial de causar grandes danos ambientais, a democrata Kamala Harris assumiu o compromisso de não banir o fracking, responsável por gerar milhares de empregos na Pensilvânia.
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Pelas últimas pesquisas, Donald Trump e Harris estão empatados no estado onde nasceu Joe Biden.
A democrata chegou a tirar Biden do armário para aproveitar em comício a boa relação do presidente com sindicalistas da região de Pittsburgh, bastião democrata da Pensilvânia.
Harris, assim como já haviam feito Trump e Biden, anunciou sua oposição à tentativa de compra da siderúrgica local pela Nippon Steel, do Japão, um negócio de U$ 14 bilhões.
A própria US Steel, uma das maiores empresas da Pensilvânia, defende a transação, alegando que os japoneses tem dinheiro para investimentos que poderiam salvar milhares de empregos locais.
SEM OFENSAS
Durante o debate, Trump não ofendeu Kamala Harris, nem a chamou por apelidos -- de olho no eleitorado independente, que rejeita o radicalismo.
O republicano tentou seguidamente associar Kamala a Joe Biden, que definiu como "fraco" em política externa.
Em um segundo ponto marcado pelo republicano, Trump relembrou a desastrosa retirada das tropas dos EUA do Afeganistão, na qual Washington teria deixado para trás, na pressa, U$ 85 bi em equipamentos -- durante o governo Biden.
Trump associou Kamala a este e outros desastres da política externa -- como a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Estimou que os EUA já torraram U$ 250 bi na ajuda a Kiev e prometeu acabar com a guerra.
Também associou Kamala à entrada de milhares de imigrantes ilegais nos EUA, que taxou de criminosos.
Neste ponto, porém, a democrata virou a mesa sobre seu oponente: como o tema era criminalidade, ela relembrou que o próprio Trump é um condenado que aguarda sentença e ainda responde por crimes graves, como apoiar a insurreição do 6 de janeiro de 2020.
Trump sempre enfatiza que existem "estupradores" entre os imigrantes ilegais, mas Kamala marcou ponto ao relembrar que o republicano foi condenado por "crimes sexuais".
Ela se referia a ações civis movidas pela jornalista E. J. Carrol, que acusou Trump de estuprá-la num provador de roupas da loja Bergdorf Goodman, em Manhattan, nos anos 90 do século passado.
O republicano também foi condenado -- e aguarda sentença -- por ter pagado cala boca para a atriz Stormy Daniels antes das eleições de 2016. Ele teve caso com Daniels logo depois que a esposa Melania deu à luz o filho do casal, Barron.
Ao fim e ao cabo, o debate empurrou a campanha eleitoral para um final dramático em 5 de novembro, sem candidato com franco favoritismo para vencer.