O assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, declarou nesta quarta-feira (7), durante entrevista à Globo News, que a situação na Venezuela é "grave" e que pode piorar ainda mais. Amorim esteve no país e acompanhou in loco o processo eleitoral.
"Eu temo muito que possa haver um conflito muito grave. Não quero usar a expressão guerra civil, mas temo muito. E eu acho que a gente tem que trabalhar para que haja um entendimento. Isso exige conciliação. E conciliação exige flexibilidade de todos os lados", declarou Celso Amorim.
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Em seguida, Amorim revelou que cobrou do presidente da Venezuela a apresentação das atas. "Eu disse isso para o presidente Maduro. Eu estive com ele no dia seguinte da eleição e perguntei sobre as atas. Ele me disse que seriam publicadas. Depois encontraram esse caminho pela Justiça. Eu tenho que confessar a minha ignorância, não compreendo bem ainda o que a Justiça vai fazer", disse.
Posteriormente, Amorim revelou que os presidentes do Brasil, México e Colômbia podem conversar com o candidato opositor Edmundo González. "Eu acho que é mais importante os três presidentes conversarem entre si e saber bem como encaminhar uma conversa que pode ser com o Maduro, mas pode também ser com o candidato da oposição em algum momento", revelou.
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Guaidó 2: Edmundo González ataca o Supremo, rejeita resultados das eleições e pede golpe
Nesta quarta-feira (7), o candidato derrotado nas eleições venezuelanas, Edmundo González Urrutía, afirmou que não irá comparecer ao Tribunal Superior de Justiça (TSJ) para a investigação sobre as eleições do país.
Ele publicou uma nota através do Twitter (X), dizendo que o processo conduzido pela suprema corte é ilegal e que não corresponde à Justiça Eleitoral.
“Se eu fosse à Câmara Eleitoral, fá-lo-ia numa situação de absoluta indefesa, porque o procedimento levado a cabo pela Câmara Eleitoral, tal como tem sido anunciado pela comunicação social, não corresponde a nenhum procedimento legal previsto na Lei Orgânica do TSJ e em outra lei sobre jurisdição eleitoral”, disse na nota.
Ele afirmou que o órgão competente para tal motivo é o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) - que deu vitória a Maduro e que ele também não reconhece como legítimo.
Ou seja: o Supremo venezuelano não vale e o sistema eleitoral também não vale. Como adiantado por esta Fórum, a oposição venezuelana não seria capaz de aceitar as instituições do país mesmo que vencesse as eleições.
Ao fim, ele clamou para as "autoridades recuperarem o bom senso". Um dia antes, González pediu para que militares e policiais se levantem contra o governo Maduro para garanti-lo como presidente eleito.
"Fazemos um apelo à consciência dos militares e policiais para que fiquem ao lado do povo e de suas próprias famílias. Com essa massiva violação de direitos humanos, a alta cúpula está se alinhando com Maduro e seus interesses vis", dizia a nota de Urrutía e Maria Corina Machado, líder da oposição e amiga de Eduardo Bolsonaro.
Com os incontáveis registros de vandalismo pelos "comanditos" de apoiadores da oposição ao longo da última semana, a extrema direita consolidou suas táticas: fechamento de estradas e vandalismo, pedido de golpe militar, recusa dos resultados eleitorais e ataques ao sistema judiciário. Parece que já vimos este filme...