Um estudo encomendado pelo diário britânico Financial Times prevê que as 15 maiores fabricantes de armas instaladas fora da China e da Rússia terão um fluxo de caixa de U$ 52 bilhões em 2026, o dobro do que era em 2021.
O presidente Lula e o papa Francisco já denunciaram o complexo industrial militar, afirmando que os recursos públicos investidos em guerra poderiam acabar com a fome.
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A denúncia original sobre o poder político do complexo em capturar o orçamento público foi feita pelo ex-presidente dos Estados Unidos Dwight Eisenhower, no discurso em que ele se despediu do povo depois de cumprir dois mandatos na Casa Branca, em 1961. O general Eisenhower foi considerado herói de guerra dos EUA na Segunda Guerra Mundial.
A pesquisa publicada pelo FT incluiu as empresas Rheinmetall, Airbus, Thales, Dassault, Leonardo, Saab, Elbit Systems, BAE Systems, Hanwha Aerospace, Lockheed Martin, General Dynamics, Boeing, Northrop Grumman, RTX Corporation e L3Harris Technologies -- da Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Suécia, Israel, Coreia do Sul e Estados Unidos.
As cinco maiores empresas de armas dos EUA terão U$ 26 bilhões de fluxo de caixa em 2026, diz o mesmo estudo.
GUERRA ETERNA?
Segundo o FT, a Lockheed Martin, RTX, Northrop Grumman, Boeing e General Dynamics serão beneficiárias de U$ 13 bi do pacote recém-aprovado pelo governo de Joe Biden para a Ucrânia, Israel e Taiwan.
Na Europa, a meta da OTAN de fazer com que os países membros gastem ao menos 2% do PIB em defesa está impulsionando os gastos militares, mesmo diante de uma situação econômica deteriorada, que impulsiona projetos políticos de extrema direita.
O texto do FT expõe a conexão entre os lucros do setor e o mercado financeiro.
As empresas do complexo industrial militar, diante da montanha de dinheiro que estão acumulando, optam pela recompra de suas ações, o que resulta no aumento do preço e no pagamento de dividendos aos acionistas.
Só as estadunidenses Lockheed Martin e RTX recompraram U$ 19 bi em ações no ano passado.
As ações da Lockheed Martin valorizaram quase 40% no último ano.
A empresa fornece mísseis antitanque Javelin, sistemas de artilharia de alta mobilidade (HIMARS) e sistemas de defesa antimíssil Patriot à Ucrânia.
Depois de invadir a região de Kursk, a Ucrânia vem utilizando armas fornecidas pelo Ocidente em sua incursão em território russo, inclusive tanques Leopard produzidos na Alemanha.
Por isso, Moscou alega que na verdade está em guerra com a OTAN.