AMÉRICA LATINA

Lula diz que "ainda" não reconhece vitória de Maduro na Venezuela e fala em "novas eleições"

"Se ele tiver bom senso, poderia tentar fazer uma conclamação ao povo da Venezuela, quem sabe até convocar novas eleições", disse Lula, apontando uma das saídas que tem buscado para o país vizinho juntamente com o governo colombiano

Lula em entrevista à Rádio T, de Curitiba.Créditos: Reprodução de vídeo / YouTube Lula
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Em entrevista a uma rádio de Curitiba, onde cumpre agenda nesta quinta-feira (15), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que "ainda" não reconhece a vitória de Nicolás Maduro e falou em "novas eleições" na Venezuela até o final do mandato, que se encerra em seis meses de governo.

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Indagado se reconhece que Maduro venceu o pleito e é presidente eleito da Venezuela, Lula foi enfático: "ainda não, ainda não".

"Ele [Maduro] sabe que está devendo uma explicação para a sociedade brasileira e para o mundo. Ele sabe disso", afirmou Lula, que ressaltou que só pode reconhecer o resultado da eleição na Venezuela com a apresentação das atas de votação, que foram enviadas pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) diretamente para a suprema corte do país, sem tornar públicos os documentos.

"Só tem uma coisa: tem que apresentar os dados. Mas, os dados têm que ser apresentados por algo que seja confiável. O Conselho Nacional Eleitoral, que tem gente da oposição, poderia ser. Mas, ele não mandou para o Conselho, ele mandou para a Justiça, para a Suprema Corte do país", emendou Lula.

O presidente brasileiro ainda afirmou que trabalha junto com o governo colombiano para encontrar "uma saída" para o impasse eleitoral no país vizinho. Uma delas, segundo Lula, seria a convocação de novas eleições.

"Tem várias saídas. Fazer um governo de coalisão - muita gente que está no meu governo não votou em mim e eu trouxe todo mundo para participar do governo", afirmou.

"Eu não posso dizer que a oposição foi vencedora porque não tenho os dados. E não posso dizer que Maduro foi vitorioso porque eu não tenho os dados. Então, não quero me comportar de maneira apavorada e precipitada. Eu quero o resultado. Se a gente tiver um resultado e for factível, nós vamos tratar do seguinte. O Maduro tem seis meses de mandato ainda - o mandato dele só termina em janeiro do ano que vem. Então, ele é o presidente da República, independentemente das eleições. Se ele tiver bom senso, poderia tentar fazer uma conclamação ao povo da Venezuela, quem sabe até convocar novas eleições, estabelecer critério de participação de todos os candidatos, criar um comitê eleitoral suprapartidário e deixar que entre olheiros do mundo inteiro. O que não posso é ser precipitado e tomar uma decisão. Da mesma forma que quero que respeitem a soberania do Brasil, eu respeito a soberania dos países", concluiu.

Veja a entrevista