Nesta sexta-feira (5), o grupo paramilitar Forças de Autodefesa Conquistadoras da Serra Nevada (ACSN) publicou em suas redes sociais que tem sido contatado por grupos de extrema direita para derrubar o presidente venezuelano Nicolás Maduro.
A milícia atua na região norte da Colômbia, que é fronteiriça com a Venezuela, mas não tinha, necessariamente, intenções políticas no país vizinho. Los Pachenca, como são conhecidos, atuam com narcotráfico e controlam a criminalidade na costa caribenha colombiana.
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O grupo criminoso afirma que, após ser contatado pelos articuladores de extrema direita, foi instado a destacar mil paramilitares para derrubar o governo Maduro caso o socialista ganhe as eleições marcadas para 28 de julho.
Os paramilitares publicaram em nota no Twitter que "grupos do país vizinho procuraram a nossa influência para alterar o sistema democrático. Por isso decidimos tornar público através de comunicado no dia 5 de julho de 2024, que este é um acontecimento de grande importância para os dois territórios [Venezuela e Colômbia], cuja fronteira partilhamos sem qualquer interferência nos desígnios do país vizinho".
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Paramilitares colombianos e a influência na Venezuela
A Colômbia sempre foi uma base de tensões para a Venezuela. O país, historicamente alinhado aos EUA, sempre atuou para tentar derrubar eventuais governos de esquerda venezuelanos e serviu de muita dor de cabeça para Chávez quando Bogotá estava sob comando do direitista Álvaro Uribe, no início dos anos 2000.
A fronteira entre Venezuela e Colômbia é um ponto de conflito e influência de diferentes grupos criminosos. Em 2004, foi revelado o caso Fazenda Daktari, quando 153 paramilitares colombianos foram presos pela Diretoria de Inteligência Policial da Venezuela (Disip), revelando um plano de assassinato contra o então presidente da Venezuela, comandante Hugo Chávez.
Em 2019, o golpista Juan Guaidó apareceu em uma foto junto de John Jairo Durán Contreras, conhecido como Menor, e Albeiro Lobo Quintero, o Brother, líderes da gangue Los Rastrojos.
Em 2020, o governo Maduro desbaratinou uma tentativa de golpe que, segundo o embaixador Samuel Moncada, teve participação das Forças de Autodefesa Conquistadoras da Serra Nevada (ACSN) junto de “uma complexa rede de conexões entre grupos paramilitares, serviços de inteligência colombianos e operações militares dos EUA”.
Lideranças do cartel têm sido instadas pelo governo colombiano a negociar a paz entre os grupos criminosos e o governo colombiano, haja vista que o país vive, há décadas, em situação de guerra civil completa.
A imprensa venezuelana nota que o grupo denunciou a tentativa de golpe contra Maduro como sinal de paz a Petro, de que estaria confiante na institucionalidade e na paz na região norte do continente.