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Venezuela usa argumento de Lula para combater bloqueio econômico

Ouro, petróleo e empresas em jogo

A denúncia do bloqueio dos EUA faz parte da campanha eleitoral de Nicolás Maduro, que busca um terceiro mandato.
Campanha.A denúncia do bloqueio dos EUA faz parte da campanha eleitoral de Nicolás Maduro, que busca um terceiro mandato.Créditos: Luiz Carlos Azenha
Escrito en GLOBAL el

De Caracas -- "As sanções unilaterais causam grandes prejuízos à população dos países afetados. Além disso, não atingem seus supostos objetivos, tornam-se obstáculos para os processos de mediação, prevenção e resolução pacífica de conflitos".

A fala, do presidente Lula, é uma das mais importantes citações na campanha da Venezuela para denunciar as sanções econômicas dos Estados Unidos, que estão completando dez anos de existência.

O governo de Nicolás Maduro aproveita o Seminário Internacional de Desenvolvimento Econômico, em andamento no teatro Teresa Carreño, em Caracas, para apresentar seus argumentos.

Na última década, de acordo com o governo local, a Venezuela se tornou o sexto país do mundo em número de indivíduos sancionados, o quinto com entidades bloqueadas, o quarto com navios alvo de sanções e o terceiro em aeronaves que não podem deixar seu espaço aéreo.

O prejuízo para a economia local estaria entre U$ 24 e 30 bilhões de dólares.

A primeira punição foi adotada pelo Congresso dos Estados Unidos em dezembro de 2014, quando foi promulgada a Lei de Defesa dos Direitos Humanos e da Sociedade Civil da Venezuela. Em março do ano seguinte, Barack Obama formalizou  as sanções, alegadamente contra a repressão do governo Maduro a manifestações da oposição.

DRIBLE 

A Venezuela usou suas relações com a China, Rússia e o Irã para driblar as sanções.

Rússia e Irã são os paises mais sancionadas do planeta, também por iniciativa dos Estados Unidos.

Depois de amargar uma profunda crise econômica, que resultou num grande êxodo de venezuelanos, a situação melhorou, com a previsão do FMI de que o crescimento do PIB será de 4,2% em 2024.

Ao menos na capital, já não se vê desabastecimento. Há filas de consumo nos bairros de classe média.

O boicote econômico dos EUA, com apoio de governos como o da Colômbia, custou caro a bens da Venezuela no Exterior.

Só a eleição de Gustavo Petro pôs fim à entrega da Monómeros, fabricante de fertilizantes na Colômbia, subsidiária da petroquímica estatal venezuelana, ao grupo liderado pelo ex autointitulado presidente Juan Guaidó.

CITGO E OURO

Nos Estados Unidos, no entanto, segue pairando a ameaça de que a jóia da coroa da estatal PDVSA, a Citgo, será vendida em leilão para cobrir dívidas da Venezuela.

A Citgo controla refinarias e uma rede de mais de 4.000 postos em 29 estados dos EUA. Vale mais de U$ 13 bi e gera U$ 2,8 bi em lucros anuais.

Além disso, o Banco da Inglaterra retém 31 toneladas de ouro que fazem parte das reservas internacionais de Caracas.

Hoje, a Venezuela é alvo de 441 medidas de bloqueio dos EUA, 108 do Canadá, 70 do Panamá, 56 da Suiça, 55 da União Europeia e 36 do Reino Unido.

A Assembleia Geral das Nações já condenou as sanções encabeçadas pelos EUA. Recentemente, o governo da China disse que elas são ilegais.

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