De Caracas -- O economista Jeffrey Sachs, da Universidade de Columbia, disse hoje que em dez anos o dólar perderá a metade de sua influência global.
Ele fez a afirmação durante o Seminário Internacional sobre Desenvolvimento Econômico, patrocinado pelo governo da Venezuela em Caracas.
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Sachs é uma voz dissonante num Ocidente dominado pelos economistas neoliberais.
Ele frisou que a maioria dos macroeconomistas ainda acredita que o dólar manterá sua proeminência por muitas décadas, por força das facilidades hoje existentes para transacionar na moeda emitida pelo Banco Central estadunidense.
Porém, acredita que nunca houve uma conjuntura como a atual: a combinação do uso da moeda como arma pelos Estados Unidos com as tecnologias digitais que permitirão a países realizar transações sem passar pelo sistema financeiro controlado por Washington.
Hoje, de 60 a 70% de todos os pagamentos, fluxo de capitais e reservas são mantidas em dólar. Sachs acredita que em dez anos esta porcentagem se reduzirá para cerca de 35%.
Ele lembrou que uma das prioridades do banco dos BRICs, hoje, é desenvolver um sistema alternativo, especialmente por conta da capacidade de Washington que usar sua moeda como arma.
REAÇÃO AO DÓLAR COMO ARMA
Sachs lembrou que Venezuela e Rússia, por pressão dos EUA, foram expulsos do sistema de transações internacionais conhecido como SWIFT.
A Rússia teve U$ 300 bi congelados na Bélgica depois que invadiu a Ucrânia e se tornou alvo de sanções internacionais.
Numa manobra sem precedentes, Washington anteriormente havia endossado o auto-proclamado Juan Guaidó como presidente da Venezuela e deu a ele o controle de bens do país mantidos no Exterior.
Para Sachs, existe uma demanda política fora do Ocidente para escapar do que ele chamou de "weaponização" do dólar.
O economista acredita que o renminbi chinês, o rublo russo e a rupia indiana assumirão um papel crescente como moedas de troca no comércio internacional, substituindo o dólar, o euro, a libra e o iene.