Em Caracas, onde lidera uma missão do governo Lula para acompanhar as eleições na Venezuela, o assessor internacional da Presidência Celso Amorim destruiu os argumentos da ultradireita, repetidos pelos bolsonaristas no Brasil, de que houve fraude no sistema de votação venezuelano.
"O sistema não permite manipulação. A dúvida que pode haver é se o total [de atas] corresponde ao que de fato cada mesa produziu", disse Amorim ao jornal O Globo nesta segunda-feira (29).
A declaração acontece após declaração da vitória de Nicolás Maduro, reeleito neste domingo (28) com 51,2% dos votos, contra 44,2% de seu principal adversário, o ex-diplomata Edmundo González Urrutia. Os dados são oficiais e foram anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
O Brasil, segundo nota divulgada pelo Itamaraty, aguarda a publicação de todos os dados eleitorais para "transparência, credibilidade e legitimidade" sobre o resultado, que deu vitória a Maduro.
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Ao jornal, Amorim reiterou a posição brasileira, dizendo a disponibilização das atas de votação dará mais transparência ao processo.
Amorim deve se encontrar com lideranças das campanhas de Maduro e de González antes de retornar ao Brasil.
O assessor de Lula ainda pregou cautela, afirmando que o resultado anunciado pelo CNE devem ser confirmados "ata por ata", e descartou entrar no discurso golpista, capitaneado pelo presidente argentino Javier Milei.
"Não sou daqueles que reconhece tudo o que é dito, mas também não vou entrar numa de dizer que foi fraude. É uma situação complexa e queremos um regime democrático para a Venezuela de forma pacífica", disse ao portal G1.
"Não houve, que eu saiba, nenhum grande incidente. Mas vamos esperar, pois o governo prometeu que daria acesso às atas", emendou.
Nota do Itamaraty
Em nota divulgada às 10h45 desta segunda-feira (29), o governo Lula se pronunciou pela primeira vez sobre as eleições na Venezuela.
"O governo brasileiro saúda o caráter pacífico da jornada eleitoral de ontem na Venezuela e acompanha com atenção o processo de apuração", diz a nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores.
No texto, o Itamaraty "reafirma ainda o princípio fundamental da soberania popular, a ser observado por meio da verificação imparcial dos resultados" e diz que aguarda a publicação de todos os dados eleitorais para "transparência, credibilidade e legitimidade" sobre o resultado, que deu vitória a Maduro.
"Aguarda, nesse contexto, a publicação pelo Conselho Nacional Eleitoral de dados desagregados por mesa de votação, passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito", diz a nota.