No Fórum Café da manhã desta segunda-feira (29), o jornalista Breno Altman explicou a situação da oposição venezuelana após o anúncio da vitória de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais do país.
O fundador do Opera Mundi e especialista em questões internacionais - que está em Caracas para cobrir o pleito - demonstrou como é construída a narrativa de fraude nas eleições.
Parte da oposição do país afirmou que não teve acesso às "atas das urnas" pelo Conselho Nacional Eleitoral. Altman explicou como este argumento não faz sentido para denunciar uma eventual fraude e detalhou como funciona o sistema eleitoral do país.
"Como no Brasil, a máquina [eletrônica] absorve o voto. Está ali registrado na chamada memória residual da máquina. Está ali o resultado do teu voto. Mas você também imprime o teu voto. O teu voto sai impresso e esse voto é depostado numa urna, no sistema de checagem do voto, caso haja alguma dúvida sobre o processo eleitoral. A memória residual da máquina vira uma ata, a ata da votação", afirma.
"Você tem um instrumento de controle, que é a ata. Essa ata tem que bater com a memória residual da máquina. Quando se faz a checagem, você pode comparar essa ata com a memória residual da máquina do centro da votação. E os votos depositados na urna são o último elemento de confirmação do resultado daquele centro eleitoral. Automaticamente, 54% das urnas são submetidas à checagem entre a ata e memória residual da máquina", completa.
Após explicar o sistema, ele destrinchou o argumento da oposição.
"O que a oposição está dizendo? Ela usa um linguajar que sabe que produzirá confusão no exterior: 'nós não tivemos acesso a esses 54% de revisão, nós queremos 100% de revisão e nós temos acesso só a 30% desses 54% das atas. Nós não tivemos acesso ao resto das atas'.", explica.
"Isto é uma mentira, mas uma mentira escarrada", denuncia Altman.
O Conselho Nacional Eleitoral é um órgão independente do governo Maduro, e inclui membros da oposição em seu corpo diretivo. A fraude, portanto, estaria também sob supervisão dos observadores nacionais, internacionais e da extrema direita, que colocou mais de 30 mil delegados para observar os centros eleitorais no domingo.
"É o mesmo que fez em 2013. Exatamente a mesma coisa na disputa entre Maduro e Capriles, que foi uma disputa apertada. Elas criam uma confusão, tentam criar uma confusão, criar uma situação de paralisia no reconhecimento do resultado eleitoral na Venezuela, denunciando que não tem acesso às atas", afirma.
"Lembremos o que aconteceu em 2013? O chefe de campanha de Capriles disse eu tenho provas à fraude e vou apresentá-las em 48 horas. Até hoje essas provas não foram apresentadas", revela.
"O Conselho Nacional Eleitoral vai responder exatamente como respondeu em 2013. Qual é a resposta? Todas as atas serão auditadas. Vamos chegar a 100% de auditagem. O que não vai mudar coisa alguma, como não mudou em 2013", completou Breno.
Confira a entrevista completa de Breno Altman e a cobertura sobre eleições venezuelanas no Fórum Café desta segunda-feira (29):