Em seus comícios mais recentes, o presidente Joe Biden tem repetido a seguinte frase sobre seu adversário Donald Trump, com variações ocasionais:
"Quando pensei nas suas 34 condenações criminais, na sua agressão sexual a uma mulher num local público, na sua multa de 400 milhões de dólares por fraude empresarial, pensei comigo mesmo: Donald Trump não é apenas um criminoso condenado. Donald Trump é uma onda de crimes de um homem só".
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Na aparição de sexta-feira 12, em Detroit, Biden chegou a ler trecho de uma sentença contra Trump em que o juiz se referia ao republicano como estuprador.
Tais acusações tem o potencial de afastar de Trump ao menos uma fatia dos eleitores independentes, que definem a eleição em estados-pêndulo.
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OXIGÊNIO
Pelo menos no curto prazo, Donald Trump ganhou oxigênio junto aos eleitores independentes por conta do atentado de que foi vítima na Pensilvânia.
Em sua segunda postagem sobre o episódio, na sua rede Truth Social, ele escreveu:
Obrigado a todos por seus pensamentos e orações ontem, pois foi somente Deus quem evitou que o impensável acontecesse. NÃO TEMEMOS, mas permaneceremos resilientes em nossa Fé e Desafiadores diante da Maldade.
Ao fazer isso, o republicano está copiando a reação de Jair Bolsonaro ao atentado em foi ferido com uma facada em Juiz de Fora.
Argumentar que foi intervenção divina reforça a tática binária da luta do bem contra o mal e, mesmo condenado na Justiça, Trump pode argumentar que está do lado do bem.
Não foi uma declaração isolada.
O senador Marco Rubio, tido como uma das possíveis escolhas de Trump para vice, escreveu no X:
Deus protegeu o presidente Trump.
A nora de Trump, Lara, que tem 1,6 milhão de seguidores, publicou uma montagem em que Jesus Cristo aparece com as mãos sobre Trump:
Não tema, pois estou com você.
A imagem de um Trump perseguido, mas protegido por Deus, reforça a ideia de que todas as ações do republicano são justificáveis pelo bem maior, inclusive o fato de que ele incentivou seus seguidores a depredar o Congresso em 6 de janeiro de 2021, episódio que causou a morte de cinco pessoas, uma delas alvo de tiros da polícia do Capitólio.
CURTO PRAZO
A Convenção Republicana começa segunda feira, em Wisconsin.
Em geral, logo depois da intensa cobertura jornalística do evento, o candidato ganha alguns pontos nas pesquisas.
Mas a variação nem sempre dura.
O Partido Democrata formalizará seu candidato no final de agosto.
O comportamento de Trump, que se ergueu depois de tomar o tiro e gritou "lute" três vezes para seus seguidores, está sendo explorada pelos republicanos em contraste com a aparente fragilidade de Joe Biden.
É cedo para dizer se isso de fato terá grande impacto no pleito de novembro, mas certamente Trump se livrou das comparações promovidas por democratas de que ele, assim como Biden, é "frágil".
Em geral, as eleições nos EUA são um plebiscito sobre o ocupante da Casa Branca e, apesar do burburinho das redes sociais, são fortemente influenciadas pelo estado da economia.