GOLPE NA BOLÍVIA

Chefes de Estado da América Latina repudiam tentativa de golpe militar na Bolívia

Fotografia que roda nas redes sociais mostra o presidente Luis Arce e o general golpista Andrés Zúñiga, cara a cara, na casa de governo

Gustavo Petro, presidente da Colômbia, e o presidente Lula (PT).Créditos: Ricardo Stuckert
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Chefes de Estado de diversos países da América Latina usaram as redes sociais na tarde desta quarta-feira (26) para repudiar a invasão da casa de governo da Bolívia por militares daquele país. Horas atrás, o general Juan José Zúñiga invadiu o Palacio Quemado, em La Paz.

Prontamente, o presidente Luis Arce foi a público e denunciou as “mobilizações irregulares de algumas unidades do Exército boliviano”. Evo Morales, o icônico ex-presidente, foi mais duro e qualificou o episódio como tentativa de golpe de Estado.

A situação se espalhou e gerou o repúdio de diversos mandatários. Luis Lacalle Pou, o presidente de centro-direita do Uruguai, foi um deles.

“Condenamos energicamente os fatos em desenvolvimento na Bolívia protagonizados por um setor das Forças Armadas, que atentam contra sua ordem democrática e constitucional. Expressamos nossa solidariedade com o legítimo presidente Luís Arce”, escreveu.

Gabriel Boric, o presidente do Chile, também usou as redes sociais para se solidarizar com os bolivianos e condenar a ação dos militares.

“Manifesto minha preocupação pela situação da Bolívia. Expressamos nosso apoio à democracia do país irmão e ao governo legítimo de Luís Arce. Condenamos energicamente a inaceitável ação de força de um setor do Exército desse país. Não podemos tolerar nenhuma quebra da ordem constitucional legítima na Bolívia ou em qualquer outro lugar”, declarou Boric.

O presidente Nicolás Maduro, da Venezuela, fez um pronunciamento na TeleSur, o canal público venezuelano, em meio à transmissão das imagens ao vivo da ação militar boliviana, onde condenou os militares. O mandatário venezuelano fez um discurso duro contra Zúñiga, declarou seu apoio a Luis Arce e conclamou o povo boliviano a se insurgir contra os militares. “Ao povo boliviano, todo o apoio”, resumiu.

Xiomara Castro, presidente de Honduras e da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), convocou uma reunião de urgência para discutir a situação boliviana.

Miguel Díaz-Canel Bermúdez, o presidente de Cuba, também se pronunciou: “Indigna o atropelo à democracia e ao povo boliviano que vemos nas imagens dos meios de comunicação internacionais esta tarde. Repudiamos a tentativa de golpe de Estado que está em marcha e estendemos toda a solidariedade do governo e do povo cubano ao irmão Luís Arce”.

Gustavo Petro, presidente colombiano, declarou seu “total repúdio ao golpe militar na Bolívia”. Em mensagem divulgada nas redes sociais, defendeu que o povo boliviano empreenda uma resistência democrática.

“A América Latina deve se unir em favor da democracia. A embaixada da Colômbia deve outorgar refúgio aos perseguidos. Não haverá nenhuma relação diplomática caso haja ditadura. Um golpe antidemocrático só pode ser enfrentado com a mobilização generalizada do povo”, disse Petro.

Javier Milei, o presidente de extrema direita da Argentina, ainda não se manifestou. Mas Jeanine Áñez, a ex-presidente da Câmara boliviana que tornou-se presidente após 2019, surpreendentemente, também repudiou o golpe.

“Repúdio total à mobilização dos militares na Praça Murillo, pretendendo destruir a ordem constitucional. O MAS, Arce e Evo devem ir embora pelo voto em 2025. Nós, bolivianos, defendemos a democracia”, escreveu Áñez, que está presa por conta do último golpe de Estado.

Além das declarações dos presidentes, uma fotografia que circula nas redes sociais mostra o presidente Luis Arce e o general golpista Andrés Zúñiga, cara a cara, dentro da casa de governo.

Lula e o PT

O Governo Lula emitiu uma nota oficial nesta tarde em que condena a tentativa de golpe na Bolívia. O documento é assinado pelo Ministério de Relações Exteriores, chefiado pelo ministro Mauro Vieira.

“O Governo brasileiro condena nos termos mais firmes a tentativa de golpe de Estado em curso na Bolívia, que envolve mobilização irregular de tropas do Exército, em clara ameaça ao Estado democrático de Direito no país. O Governo brasileiro manifesta seu apoio e solidariedade ao presidente Luis Arce e ao governo e povo bolivianos. Nesse contexto, estará em interlocução permanente com as autoridades legítimas bolivianas e com os governos dos demais países da América do Sul no sentido de rechaçar essa grave violação da ordem constitucional na Bolívia e reafirmar seu compromisso com a plena vigência da democracia na região. Esses fatos são incompatíveis com os compromissos da Bolívia perante o Mercosul, sob a égide do Protocolo de Ushuaia.”, diz a nota.

O Partido dos Trabalhadores (PT), por sua vez, se manifestou através da voz da deputada federal Gleisi Hoffmann, sua presidente nacional. “Movimento golpista na Bolívia tem de ser repudiado por todas as forças democráticas. Solidariedade ao governo constitucional do presidente Luis Arce”, escreveu.