WIKILEAKS

Julian Assange: relembre os segredos revelados pelo fundador do WikiLeaks

Jornalista revelou crimes dos EUA e incomodou Washington; após 14 anos de perseguição, ele viverá em liberdade

O mundo acorda mais livre com a libertação de Julian Assange Créditos: Espen Moe
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Na noite desta segunda-feira (24), o mundo celebrou o anúncio do acordo de libertação de Julian Assange, jornalista, ativista e fundador do WikiLeaks perseguido após denunciar diferentes segredos de Estado dos EUA.

Perseguido juridicamente desde 2010, Assange é uma figura símbolo do ativismo digital pelo fim dos segredos de Estado e revelou escândalos importantes envolvendo diversos países do mundo. Mas foi depois de revelar documentos dos EUA que o jornalista passou a ser alvo de Washington.

Neste texto, vamos relembrar alguns dos escândalos envolvendo os EUA que foram revelados por Assange e que fizeram com que o jornalista se tornasse um dos maiores inimigos do Pentágono na última década.

Crimes dos EUA na Guerra do Iraque (2010)

Em 2010, o WikiLeaks publicou mais de 400 mil documentos militares confidenciais sobre a Guerra do Iraque, conhecidos como Registros da Guerra do Iraque.

Os documentos revelaram vítimas civis não relatadas anteriormente, tortura e outros abusos por parte das forças lideradas pelos EUA e pelo governo fantoche iraquiano.

Um dos maiores escândalos foi a divulgação de um vídeo que mostra um ataque aéreo em Bagdá em 2007, no qual helicópteros Apache dos EUA abriram fogo contra um grupo de civis, incluindo dois jornalistas da Reuters, resultando em suas mortes. 

Os documentos vazados por Assange também revelaram que os militares dos EUA registraram mais de 66 mil mortes de civis durante a guerra, números muito superiores aos anteriormente reconhecidos pelo Pentágono.

Diário da Guerra do Afeganistão (2010)

Também em 2010, o WikLeaks publicou mais de 90 mil documentos militares confidenciais sobre a Guerra no Afeganistão, conhecidos como Diário da Guerra do Afeganistão.

Os documentos detalharam vítimas civis, incidentes não relatados e outras irregularidades por parte das forças dos EUA e da Otan.

Telegramas Diplomáticos dos EUA (2010-2011)

De 2010 a 2011, o WikiLeaks publicou mais de 250 mil telegramas diplomáticos confidenciais dos EUA, revelando comunicações sensíveis entre o Departamento de Estado dos EUA e suas missões diplomáticas ao redor do mundo.

Os cabos expuseram espionagem dos EUA sobre aliados, acordos secretos e avaliações desfavoráveis de líderes mundiais, além da tentativa direta de intervenção de Washington contra diferentes países ao redor do mundo.

Espionagem contra Dilma (2015)

Em 2015, Julian Assange publicou com o WikiLleaks diferentes documentos que mostravam que a National Secutiry Agency (NSA) dos EUA espionou a ex-presidente Dilma Rousseff e mais de 20 assessores, ministros e diplomatas do governo brasileiro.

Anos antes, dados publicados nas revelações de Snowden pelo The Guardian mostravam de maneira explícita a espionagem americana contra o coração do poder no Brasil.

A liberdade de Assange

Após firmar um acordo com a Justiça dos EUA em um tribunal nas Ilhas Marianas do Norte, Julian Assange está livre. Depois de sair da prisão em Belmarsh, na Inglaterra, o jornalista fez um voo para o território estadunidense e, então, voltou para a Austrália, seu país de origem.

Em seu acordo, o jornalista se declarou culpado em uma das 18 acusações feitas pelo Departamento de Justiça estadunidense. Oficialmente, os EUA podem afirmar que o jornalista é réu confesso por "participar de conspiração para obter e publicar informações sigilosas e segredos de Estado dos EUA".

A libertação do australiano foi celebrada ao redor do mundo após mais de uma década de perseguição contra o fundador do WikiLeaks. Mas abre precedentes perigosos para a imprensa nos EUA: jornalistas que publicarem documentos sigilosos e segredos de Estado também poderão ser condenados segundo a mesma jurisprudência. É uma vitória de gosto amargo.

Depois de voltar do tribunal na terça-feira (25), Assange voltou à Austrália, deu um beijo em sua esposa e pôde fazer o que há tempos não fazia: viver em liberdade.