Esta segunda-feira, 20 de maio, é o Dia D de Julian Assange. A justiça do Reino Unido vai anunciar a sua decisão se o jornalista será ou não extraditado para os Estados Unidos, onde pode encarar uma pena de até 175 anos de prisão por publicar documentos de que revelam evidências de crimes de guerra e violações dos direitos humanos por Washington.
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O presidente Lula foi às redes sociais deste domingo (19) para comentar o caso, considerado um divisor de águas sobre o que é, ou não, liberdade de imprensa.
"Julian Assange, o jornalista que deveria ter ganhado o Prêmio Pulitzer ao revelar segredos dos poderosos, ao invés disso está preso há 5 anos na Inglaterra, condenado ao silêncio de toda a imprensa que deveria estar defendendo a sua liberdade como parte da luta pela liberdade de expressão. Espero que a perseguição contra Assange termine e ele volte a ter a liberdade que merece o mais rápido possível", escreveu Lula
Em seu aclamado discurso na abertura da 78ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), dia 20 de setembro do ano passado, em Nova York (EUA), Lula saiu em defesa da liberdade de imprensa e citou o jornalista australiano Julian Assange, fundador do WikiLeaks.
"É fundamental preservar a liberdade de imprensa. Um jornalista, como Julian Assange, não pode ser punido por informar a sociedade de maneira transparente e legítima", declarou Lula, reforçando uma defesa que já havia feito em outros fóruns internacionais.
Dano colateral
Assange tornou-se mundialmente famoso após a divulgação do vídeo "Collateral Murder", que expôs um ataque de helicóptero dos EUA a civis iraquianos, incluindo jornalistas da Reuters no Iraque.
Ele encorajou denunciantes a fornecer informações de maneira anônima. A parceria entre Assange e grandes jornais, como The Guardian, New York Times e Der Spiegel, resultou na publicação dos chamados "Afghan war logs", "Iraq war logs" e do "Cablegate".
A decisão política de processar é sem precedentes e estabeleceria um precedente preocupante para todos os jornalistas e editores no mundo.
14 anos de lutas
Os problemas legais de Assange começaram em 2010, quando promotores suecos ordenaram sua detenção sob suspeita de estupro e coerção sexual, acusações que ele sempre negou. Ele foi preso em abril de 2019 na Embaixada do Equador em Londres, onde havia buscado asilo político desde 2012.
O motivo da prisão do fundador do WikiLeaks em 2019 está relacionado a um pedido de extradição dos Estados Unidos. Ele é acusado de conspiração para cometer intrusão em computadores e violação da Lei de Espionagem dos EUA por sua participação na obtenção e divulgação de documentos secretos do governo estadunidense.
Trajetória de Julian Assange
2006
- Dezembro: Julian Assange funda o WikiLeaks, uma organização dedicada a publicar documentos secretos e confidenciais (dezembro).
2010
- Abril: WikiLeaks publica o vídeo "Collateral Murder", mostrando o ataque aéreo de 2007 em Bagdá, onde civis e jornalistas foram mortos por forças dos EUA. (abril)
- Julho: WikiLeaks publica mais de 75 mil documentos militares dos EUA relacionados à Guerra do Afeganistão.
- Agosto: Assange é acusado de crimes sexuais na Suécia. Ele nega as acusações e afirma que são politicamente motivadas,
- Outubro: WikiLeaks publica cerca de 400.000 documentos de guerra do Iraque.
- Novembro: A Suécia emite um mandado de prisão europeu contra Assange.
- Dezembro: Assange é preso em Londres e posteriormente libertado sob fiança.
2012
- Junho: Assange busca asilo na Embaixada do Equador em Londres para evitar extradição para a Suécia e potencialmente para os EUA.
2016
- Novembro: Grupo de Trabalho sobre Detenção Arbitrária da ONU conclui que a detenção de Assange é arbitrária e que ele deve ser libertado e receber compensação.
2017
- Maio: A Suécia arquiva a investigação de crimes sexuais contra Assange, mas o Reino Unido ainda insiste que ele será preso por violar as condições de sua fiança.
2019
- Abril: Assange é preso pela polícia britânica após ser retirado da Embaixada do Equador. O Equador revoga seu asilo. Ele é condenado a 50 semanas de prisão no Reino Unido por violar as condições de sua fiança.
- Maio: Os EUA acusam Assange de conspiração para hackear computadores governamentais e violar a Lei de Espionagem.
- Junho: O Reino Unido recebe formalmente o pedido de extradição dos EUA.
2020
- Setembro: Inicia-se a audiência sobre a extradição de Assange para os EUA em Londres. Diversas organizações de direitos humanos e liberdade de imprensa se posicionam contra a extradição.
2021
- Janeiro: O Tribunal Britânico decide que Assange não pode ser extraditado para os EUA devido a preocupações com sua saúde mental e risco de suicídio nas condições das prisões americanas.
- Fevereiro: Assange permanece na prisão enquanto os EUA recorrem da decisão de extradição.
2022
- Dezembro: A Suprema Corte do Reino Unido nega a permissão para que Assange recorra da decisão que autorizou sua extradição para os EUA.
2023
- Abril: O Tribunal Europeu de Direitos Humanos começa a considerar o caso de Assange.
2024
- Janeiro: Assange continua a lutar contra a extradição enquanto aguarda novas decisões judiciais.
- Maio: Justiça britânica decide de o jornalista será extraditado ou não para os EUA.