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Lula celebra liberdade de Julian Assange: "Mundo um pouco melhor"

Presidente é um dos poucos chefes de Estado do mundo que sempre se posicionou publicamente em favor do fundador do WikiLeaks

Julian Assange no avião após ser solto de prisão em Londres.Créditos: WikiLeaks
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva celebrou nesta terça-feira (25) a liberdade de Julian Assange, jornalista fundador do WikiLeaks que deixou a prisão em Londres, no Reino Unido, após 1.901 dias preso. A soltura do homem que expôs crimes de guerra dos Estados Unidos veio após um acordo celebrado com a Justiça norte-americana. 

Segundo Lula, um dos poucos chefes de Estado do mundo que sempre se posicionou em defesa de Assange, sua liberdade representa uma "vitória democrática". 

"O mundo está um pouco melhor e menos injusto hoje. Julian Assange está livre depois de 1.901 dias preso. Sua libertação e retorno para casa, ainda que tardiamente, representam uma vitória democrática e da luta pela liberdade de imprensa". 

Lula exalta Assange na ONU 

Em 2023, Lula fez um discurso aclamado pelos presentes na abertura da 78ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Em sete momentos diferentes o mandatário brasileiro teve sua fala interrompida por aplausos. Uma dessas salvas de palmas veio após Lula sair em defesa da liberdade de imprensa e citar o jornalista australiano Julian Assange, fundador do WikiLeaks

"É fundamental preservar a liberdade de imprensa. Um jornalista, como Julian Assange, não pode ser punido por informar a sociedade de maneira transparente e legítima", declarou Lula, reforçando uma defesa que já havia feito em outros fóruns internacionais. 

Em entrevista à Fórum, Giorgio Romano Schutte, especialista em Relações Internacionais que compõe o Observatório de Política Externa e Inserção Internacional do Brasil da Universidade Federal do ABC (OPEB/UFABC), avaliou que a parte mais ousada do discurso de Lula na ONU foi, justamente, a menção a Assange, em pleno território do país que reivindica a prisão do jornalista. 

"Talvez a coisa mais ousada, que também ganhou aplausos, foi quando ele [Lula], nos Estados Unidos, estando em Nova York na ONU, mas no território dos Estados Unidos, falou da liberdade de imprensa, e menciona especificamente Assange. Ele já tinha feito isso, a defesa do Assange, em Londres. Talvez seja forte, porque é uma ferida dos Estados Unidos", analisa Giorgio Romano. 

A página oficial do WikiLeaks, organização fundada por Assange, nas redes sociais, celebrou o fato de Lula ter defendido o jornalista e divulgou o trecho da fala do presidente brasileiro. 

Assange livre 

De acordo com comunicado divulgado pelo WikiLeaks, Julian Assange está livre. Ele deixou a prisão de segurança máxima de Belmarsh na manhã desta segunda-feira (24), depois de ter passado 1.901 dias preso. Ele recebeu fiança do Supremo Tribunal de Londres e foi libertado no aeroporto de Stansted durante a tarde, onde embarcou em um avião e partiu do Reino Unido. O jornalista teria fechado um acordo com o governo dos EUA e se declarado culpado de uma das acusações.

A advogada e companheira de Julian Assange, Stella Assange, comemorou a libertação do jornalista nas redes sociais e agradeceu o apoio de todos. "Palavras não podem expressar nossa imensa gratidão a VOCÊS - sim, VOCÊS, que se mobilizaram durante anos e anos para tornar isso realidade. OBRIGADO. obrigado. OBRIGADO", escreveu Stella.

As primeiras informações, para além daquelas divulgadas pelo WikiLeaks, indicam que Julian Assange concordou em se declarar culpado da acusação de obter e divulgar ilegalmente material de segurança nacional em troca de sua libertação da prisão britânica.

Assange, que está com 52 anos, deve comparecer perante um juiz federal em um dos postos avançados mais remotos do Judiciário, o tribunal de Saipan, capital das Ilhas Marianas do Norte. As Ilhas Marianas do Norte são uma comunidade dos Estados Unidos no meio do Oceano Pacífico e próximas da Austrália, terra natal de Assange, para onde ele deve voltar após a concretização do acordo.

Assange deve comparecer nesta quarta-feira (26), às 9h, em Saipan e voar de volta para a Austrália "na conclusão do processo", escreveu Matthew J. McKenzie, funcionário da divisão de contraterrorismo do departamento, em uma carta enviada ao juiz do caso. O documento em questão foi divulgado pelo New York Times.

O The New York Times afirma que o acordo era esperado nos bastidores do governo Biden. Segundo a publicação, o primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, sugeriu que os promotores dos EUA precisavam concluir o caso e o presidente Biden se mostrou aberto a uma solução rápida.

A partir do primeiro-ministro da Austrália, foi costurado um acordo com o alto escalão do Departamento de Justiça sem tempo adicional de prisão para Assange, considerando que os anos que Assange passou recluso na Embaixada do Equador e depois na prisão no Reino Unido já foram suficientes. Ou seja, sua pena foi considerada cumprida.

Ainda de acordo com o NYT, foram semanas de negociações para que Assange aceitasse se declarar culpado de uma das acusações - conspiração para divulgar informações da defesa nacional.