O jornalista Julian Assange, que foi libertado na última segunda-feira (24) após 1901 dias preso em Londres, no Reino Unido, declarou-se culpado nesta terça-feira (25) da acusação de participar de conspiração para obter e publicar informações sigilosas e segredos de Estado dos EUA. A declaração foi feita em tribunal americano nas Ilhas Marianas do Norte e faz parte do próprio acordo que permitiu a soltura do fundador do WikiLeaks.
De nacionalidade australiana, Assange estava preso desde 2019 em Londres. Ele foi solto logo após fechar o acordo em questão e logo embarcou num avião para se apresentar ao tribunal. As Ilhas Marianas do Norte são uma comunidade dos Estados Unidos no meio do Oceano Pacífico.
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Condenado a 62 meses de prisão, ele já cumpriu essa pena durante sua prisão preventiva em Londres. A expectativa é que retorne em liberdade para o seu país de origem nesta noite. De acordo com o WikiLeaks, o voo está agendado e durará cerca de 3 horas entre as Ilhas Marianas do Norte e a cidade de Camberra, na Austrália.
“Sou culpado da informação”, declarou o jornalista ao tribunal do pequeno país insular. Ainda teria dito ao juiz em tom descontraído que sua satisfação com o acordo “depende do resultado da audiência”.
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O The New York Times afirma que o acordo era esperado nos bastidores do governo Biden. Segundo a publicação, o primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, sugeriu que os promotores dos EUA precisavam concluir o caso e o presidente Biden se mostrou aberto a uma solução rápida.
A partir do primeiro-ministro da Austrália, foi costurado um acordo com o alto escalão do Departamento de Justiça sem tempo adicional de prisão para Assange, considerando que os anos que Assange passou recluso na Embaixada do Equador e depois na prisão no Reino Unido já foram suficientes. Ou seja, sua pena foi considerada cumprida.
Ainda de acordo com o NYT, foram semanas de negociações para que Assange aceitasse se declarar culpado de uma das acusações - conspiração para divulgar informações da defesa nacional.
Quem é Julian Assange
O jornalista investigativo ganhou fama mundial ao fundar, em 2006, um grupo de ativistas chamado WikiLeaks. A organização divulgou aproximadamente 700 mil documentos confidenciais e militares dos Estados Unidos. O objetivo era promover a transparência e responsabilizar os norte-americanos por atos violentos e contra os direitos humanos.
O WikiLeaks ganhou notoriedade internacional em 2010 com a publicação de uma série de documentos confidenciais dos Estados Unidos, vazados pela analista de inteligência Chelsea Manning. Entre os documentos, estavam telegramas diplomáticos, registros de guerra e vídeos de atrocidades militares.
Após a repercussão mundial das divulgações, Assange se viu alvo de diversas acusações, incluindo espionagem e conspiração. Em 2012, buscando evitar a extradição para os EUA, ele se refugiou na embaixada do Equador em Londres, onde permaneceu por sete anos. Em 2019, o Equador revogou seu asilo, e Assange foi preso pelas autoridades britânicas.
Desde a adolescência, o fundador do WikiLeaks é conhecido por suas habilidades em programação. Em 1995, ele teve seu primeiro confronto com a justiça, sendo acusado por um tribunal australiano de “crimes cibernéticos”. Na época, Assange evitou a prisão ao prometer não reincidir. As acusações indicavam que ele e um amigo, ambos hackers, cometeram “infrações”. Assange foi liberado.
No final dos anos 1990, Assange coescreveu o livro "Underground: Tales of Hacking, Madness and Obsession on the Electronic Frontier" com a pesquisadora e jornalista Suelette Dreyfus. Durante esse período, também cursou matemática e física na Universidade de Melbourne.