Nesta quarta-feira (12), três navios e um submarino de propulsão nuclear da Rússia atracaram em Havana para abastecer e fazer visitas de cortesia à diplomacia cubana.
Um dia depois, na quinta-feira (13), os EUA enviaram o submarino nuclear USS Helena para a Baía de Guantánamo, no sul da ilha, em território sob controle estadunidense.
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A diplomacia cubana afirmou que o destacamento naval russo não deveria ser visto como uma ameaça para a região e que as movimentações se tratam apenas de uma troca diplomática entre os países, além de exercícios militares de pequena proporção no Caribe.
Os EUA afirmam que a visita do USS Helena à Guantánamo também não é uma escalada, mas sim uma "visita de rotina" e que a rota já estava planejada anteriormente.
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Nova guerra fria?
Apesar dos discursos oficiais minimizarem as movimentações, afirmando que não se trata de uma escalada militar, é importante ficar atento.
A movimentação russa no Caribe ocorre logo após Putin afirmar que a Rússia estaria disposta a armar diretamente seus aliados militares. A ação russa é uma resposta à autorização que países da OTAN deram ao uso de seu equipamento para a Ucrânia no combate contra Moscou no leste europeu.
“No final, se virmos que estes países se envolvem numa guerra contra nós, o que estão fazendo torna-os diretamente envolvidos numa guerra contra a Federação Russa, temos o direito de agir da mesma forma”, disse ele. “No geral, isso leva a alguns problemas sérios”, completou.
Desde o fim da União Soviética, Cuba e Rússia mantiveram laços estreitos. A ilha continua sendo o maior parceiro de Moscou na América Latina.
O inimigo segue sendo os EUA, mesmo após anos de guerra fria. Washington ainda mantém suas sanções contra Cuba e busca a derrubada da revolução socialista.
Cuba precisa continuar aliada da Rússia para manter sua soberania. E os russos avisam que não teriam problema em armar a Guarda Revolucionária.
É difícil dizer que estamos perto de uma crise dos mísseis 2.0 ou de uma invasão da Baía dos Porcos. Mas o xadrez começa a ficar mais apertado na segurança internacional.
Crise dos mísseis
Em 1961, após a fracassada intentona estadunidense na Baía dos Porcos, uma tentativa dos EUA de derrubar o governo de Fidel Castro em Cuba, as tensões na região aumentaram.
Em 1962, a União Soviética começou a instalar secretamente mísseis nucleares em Cuba, apenas 90 milhas (145 quilômetros) da costa dos Estados Unidos.
O então presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, foi informado da presença dos mísseis em 16 de outubro de 1962. Ele decidiu impor um bloqueio naval (chamado de "quarentena") em Cuba para impedir a chegada de mais armamentos e exigiu a retirada dos mísseis já instalados.
Durante treze dias, a tensão global aumentou, com uma série de negociações secretas e públicas entre os EUA e a União Soviética. Havia um grande medo de que qualquer erro de cálculo pudesse levar a uma guerra nuclear.
A União Soviética concordou em remover os mísseis de Cuba, enquanto os Estados Unidos concordaram em não invadir Cuba e secretamente remover seus mísseis Jupiter da Turquia em um prazo posterior.
A crise teve várias consequências a longo prazo. Levou à criação de uma linha direta de comunicação, conhecida como "hotline", entre Washington e Moscou, para permitir uma comunicação mais rápida entre os líderes dos dois países em tempos de crise.
Contudo, mais de 62 anos depois, as tensões entre Moscou, Havana e EUA seguem sendo problemáticas. A ver o desenrolar da situação.