NERVOS À FLOR DA PELE

TENSÃO: França testa míssil supersônico nuclear em resposta à Rússia

Imprensa europeia reporta que um poderoso caça Rafale B, sob escolta, realizou disparo de um ASMPA-R, capaz de uma explosão 10 vezes maior do que as de Hiroshima e Nagasaki somadas

O presidente francês Emmanuel Macron e o caça Rafale B que transportou o ASMPA-R.Créditos: Palácio do Eliseu e Ministério da Defesa da República Francesa
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De LISBOA | O presidente da França, Emmanuel Macron, parece ter aceitado o “desafio” velado de seu homólogo russo, Vladimir Putin, e na quarta-feira (22) respondeu aos testes de armas atômicas táticas (de menor poder ofensivo) que o líder do Kremlin tem realizado desde a terça-feira (21). A imprensa europeia reporta que na tarde de ontem um poderoso caça Rafale B, sob escolta de um esquadrão, realizou um disparo em caráter de exercício do míssil supersônico ar-terra ASMPA-R, capaz de transportar uma ogiva nuclear de até 300 quilotons, que provocaria uma explosão devastadora dez vezes maior do que as de Hiroshima e Nagasaki somadas.

Chamada oficialmente pelo Ministério da Defesa da França de ‘Operação Durandal’, a simulação ocorreu, de acordo com as autoridades militares, “em território nacional” e teria sido bem-sucedida. O míssil supersônico ASMPA-R, por óbvio, estava sem carga. O alvo que ele atingiu no exercício e as zonas sobrevoadas pela aeronave de guerra não foram revelados pelo Palácio do Eliseu. Segundo informações de especialistas em temas bélicos, o país teria ativas e operacionais pelo menos 290 ogivas com potência semelhante à que poderia ser transportada pelo artefato testado na última tarde.

A animosidade entre Putin e Macron não é recente. O presidente francês tem feito vários esforços, desde que chegou ao poder, em 2017, para tornar-se a figura mais influente e poderosa da Europa, rivalizando com líderes de outras nações amigas, como a Alemanha e o Reino Unido. Ele vem procurando tomar a dianteira em assuntos militares e estratégicos, como as ambições russas em relação ao resto do continente, mas enfrenta uma espécie de “desprezo” por parte do chefe de Estado da Federação Russa.

O primeiro incômodo explícito entre os dois ocorreu durante uma visita de Macron ao Kremlin, sede política da Rússia, em fevereiro de 2022, ao longo dos primeiros dias da Guerra da Ucrânia, numa tentativa do francês de se tornar um player central nas negociações por uma saída para o conflito. Putin o recebeu numa mesa gigantesca com mais de cinco metros de comprimento, posando para o fotógrafo oficial numa postura de dominador, pomposo, enquanto Macron do outro lado do mobiliário parecia submisso. A imagem gerou um mal-estar no Ocidente.

Depois disso, com uma guerra que se arrasta há quase dois anos e meio, Macron resolveu dizer que a França poderia até mandar soldados para o front na Ucrânia, num arranjo com a OTAN, atitude que foi imediatamente rejeitada por outros líderes europeus, como o chanceler alemão Olaf Scholz e o premiê britânico Rishi Sunak, que tiraram o corpo fora e disseram que Macron “falava por ele”. Recentemente, Macron postou uma bela foto de contornos artísticos em que aparece de cara feia socando um saco de boxe, no que foi lido como um desafio provocativo a Putin.