NAPOLEÃO

Macron ameaça Rússia com tropas da OTAN na Ucrânia

Mensagem direta a Putin sobre avanço militar da Rússia

Carnaval.Macron como Napoleão num carro alegórico de carnaval na Alemanha.Créditos: Reprodução de vídeo
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Ao tentar formar uma frente unida de líderes partidários na França em relação à guerra na Ucrânia, o presidente Emmanuel Macron disse que Paris não deve desconsiderar o envio de tropas da OTAN para lutar contra a Rússia: "Diante de um inimigo que não impõe limites a si mesmo, não podemos impor os nossos".

O encontro foi a portas fechadas, mas participantes deram informações à imprensa sobre o conteúdo. Líderes à direita e à esquerda de Macron criticaram a fala e disseram que não houve o consenso pretendido.

De acordo com o secretário-geral do Partido Comunista, Fabien Roussel, Macron apresentou um mapa em que relatou aos presentes o risco do avanço de tropas russas sobre Odessa e Kiev.

Odessa é o porto mais importante sob controle da Ucrânia no mar Negro e a conquista da cidade pela Rússia colocaria grande pressão sobre Kiev.

Recentemente, lideranças da Transnístria, uma região da Moldávia que se declarou independente, pediram socorro diplomático a Moscou, alegando que estão sob pressão econômica.

Tropas russas estão estacionadas na Transnístria. De lá, poderiam abrir uma segunda frente contra Odessa, se necessário.

COMBINAÇÃO COM BIDEN?

As falas recentes de Macron podem ter sido combinadas com a Casa Branca. 

Elas foram rechaçadas pelo presidente do Parlamento russo, Vyacheslav Volodin, que relembrou a invasão francesa da Rússia em 1812:

Antes de fazer tais declarações, Macron faria bem em lembrar como tudo terminou para Napoleão e seus soldados, dos quais mais de 600.000 ficaram caídos na terra úmida [da Rússia]

O presidente Joe Biden dedicou sua primeira fala no chamado discurso do Estado da União à defesa de Kiev.

Porém, por motivos políticos não pode subir o tom no mesmo nível do presidente francês, uma vez que seu adversário na disputa eleitoral deste ano nos Estados Unidos, Donald Trump, tem posado de "pacifista".

Na Rússia, a tarefa de jogar duro parece ter sido entregue ao ex-presidente Dmitry Medvedev, vice líder do Conselho de Segurança Nacional.

Em falas recentes, ele disse que Kiev é uma cidade russa e que a Rússia mantém seu objetivo de "desnazificar" a Ucrânia, o que exigiria derrubar o governo de Volodimir Zelensky.

O presidente ucraniano foi pego de surpresa durante uma visita a Odessa com o primeiro-ministro da Grécia, Kyriakos Mitsotakis, quando a cidade foi bombardeada pela Rússia.

De acordo com Moscou, o ataque visava um depósito de drones utilizados pela Ucrânia para atacar infraestrutura russa.

Kiev confirmou cinco mortos e disse que o bombardeio atingiu o porto.

Nas últimas semanas, a Rússia conquistou a cidade de Avdiivka e vários outros vilarejos na região de Donetsk. Além disso, registrou avanços em outros pontos da frente de 900 quilômetros.

Isso acendeu a luz vermelha em Washington e capitais europeias.

Explica a fala de Biden ao Congresso, tentando ligar Putin a Donald Trump -- orientados por Trump, os republicanos estão bloqueando um pacote de ajuda à Ucrânia, alegando que a prioridade dos EUA deve ser o combate à imigração ilegal:

No exterior, Putin da Rússia está em marcha, invadindo a Ucrânia e semeando o caos por toda a Europa e além dela. Se alguém nesta sala pensa que Putin irá parar na Ucrânia, garanto que não o fará.

Biden garantiu que a Ucrânia pode se defender sozinha, sem ajuda de soldados estadunidenses, desde que receba o armamento que pede:

Agora, o meu antecessor, um antigo presidente republicano, diz a Putin: “Faça o que quiser”. Um ex-presidente americano disse isso, curvando-se diante de um líder russo. É ultrajante. É perigoso. É inaceitável. [...] A minha mensagem ao Presidente Putin é simples. Não iremos embora [da Ucrânia]. Não vamos nos curvar. Eu não vou me curvar.