Autoridades do Ocidente, inclusive o presidente Joe Biden, dos Estados Unidos, desviaram a atenção da opinião pública acusando Vladimir Putin de ter matado um dissidente na cadeia.
A mídia europeia focou na viagem de Volodymyr Zelensky a Berlim e Paris para garantir novos pacotes de ajuda militar.
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O próprio governo da Ucrânia dourou a notícia falando em "retirada" estratégica para poupar tropas.
O Kremlin permanece calado.
O fato é que neste sábado, 17, a Rússia consolidou sua vitória em uma das mais longas batalhas do conflito na Ucrânia, ao conquistar Avdiivka, na região de Donetsk.
Donetsk é a maior cidade sob controle russo na Ucrânia.
DEZ ANOS
A batalha pelo controle da região dura desde 2014, quando teve início a guerra civil na Ucrânia entre o governo de Kiev e separatistas com apoio da Rússia.
O diário estadunidense New York Times se rendeu aos fatos:
A queda de Avdiivka, uma cidade que costumava ter população de cerca de 30 mil pessoas, mas que é agora uma ruína fumegante, é a primeira grande conquista da Rússia desde maio do ano passado. Nas últimas semanas, as forças russas tem pressionado em quase toda a extensão da frente de 900 quilômetros.
O jornal informou que a retirada das forças ucranianas foi caótica, deixando para trás feridos e equipamento militar.
Permanece incerto se as tropas da Ucrânia também deixaram um complexo industrial que usavam como quartel-general.
Volodymyr Furayev, um soldado ucraniano, postou no Tik Tok que estava deixando o complexo, de acordo com o Times:
Tudo está sendo bombardeado. Difícil saber para onde estamos indo. Olá a todos que me conhecem. Não sei se conseguiremos sair.
No dia 24 de fevereiro, a invasão da Ucrânia pela Rússia completa dois anos.
A conquista de Avdiivka impulsiona a candidatura presidencial de Vladimir Putin, que está no poder há 23 anos (como primeiro-ministro e presidente).
DEMISSÃO PARA FUGIR DA CULPA
Já se antecipando à queda da cidade, o presidente da Ucrânia havia demitido o comandante das Forças Armadas que deu entrevista falando em "impasse militar".
Alemanha, França e Estados Unidos reafirmaram apoio total a Zelensky, mas em Washington um pacote de ajuda militar à Ucrânia que passou no Senado poderá ser freado na Câmara.
Zelensky continua apostando em expulsão total das tropas da Rússia, inclusive da Criméia, com apoio de Joe Biden.
Porém, com a derrota em Avdiivka fica exposta a cidade de Pokrovsk, a 45 quilômetros, utilizada como centro de logística para reabastecer as tropas da Ucrânia na frente de batalha.
O Ocidente havia apostado todas as fichas na chamada contraofensiva da Ucrânia durante o verão e o outono locais de 2023, que não deu resultados.
A Rússia iniciou sua própria ofensiva assim que começou o inverno, colhendo agora um resultado inesperado pela OTAN.
Do episódio sai fortalecido o republicano Donald Trump, que tem dito aos eleitores que Washington deve investir internamente o dinheiro que torra na Ucrânia.