O porta-voz do Kremlin, sede do governo da Rússia, afirmou nesta sexta-feira (31) que a condenação de Donald Trump, nos EUA, nas 34 acusações por falsificação de registros para encobrir um escândalo sexual é um método de "eliminação de rivais políticos por todos os meios possíveis, legais e ilegais", acusando o atual mandatário estadunidense, Joe Biden.
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"Se falarmos sobre Trump, o fato é que simplesmente há, na prática, a eliminação de rivais políticos por todos os meios possíveis, legais e ilegais, é óbvio", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, em uma entrevista coletiva.
No entanto, Peskov não entrou em detalhes, dizendo que Moscou tenta "não comentar" sobre decisões judiciais em outros países.
A declaração ocorre em meio a uma escalada na tensão entre os dois países em torno da guerra na Ucrânia, que tem o apoio dos EUA e da Organização do Tratado Atlântico Norte, a Otan.
Nesta quinta-feira (30), Joe Biden autorizou o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski a utilizar armas dos EUA em ataques ao território russo.
"O presidente recentemente direcionou sua equipe para garantir que a Ucrânia possa usar armas fornecidas pelos EUA para fins de contrafogo na região de Kharkiv para que a Ucrânia possa retaliar contra as forças russas que estão atacando-as ou se preparando para atacá-las", disse um oficial dos EUA em comunicado.
Ministro da Defesa da Rússia, Andrei Belousov, reagiu dizendo que ao entregar armas a Kiev os países ocidentais estão escalando e prolongando o conflito. O recado também foi endereçado à Alemanha, que forneceu mais armas a Zelensky.
"Com a participação de conselheiros e especialistas da OTAN estão sendo preparadas sabotagens, as armas ocidentais estão sendo usadas para danificar a infraestrutura civil e atingir a população na Rússia", disse Belousov.
Segundo ele, "privado da possibilidade de tomar a iniciativa no campo de batalha, o regime de Kiev continua demonstrando aos patrocinadores ocidentais a capacidade de causar danos à Rússia por meio de ataques à infraestrutura civil".
Putin e Trump
Além do escândalo sexual, Trump é acusado por apoiar Putin, que teria retribuído com interferência nas eleições em que ele venceu a democrata Hillary Clinton em 2016.
Em setembro passado, Putin ironizou as denúncias, minimizadas por Trump.
"Apesar de eles terem acusado [Trump] de ter uma relação especial com a Rússia, o que é um completo nonsense, ele impôs sanções aos russos mais do que qualquer outro quando foi presidente".
No entanto, o presidente russo não esconde a preferência pelo republicano e já acusou Joe Biden de usar a Justiça para "perseguição política" a Trump.
"Tudo o que acontece com Trump é perseguição política de um rival. É disso que se trata. Eu acredito que tudo isso ocorrendo agora é bom, porque mostra a podridão do sistema político americano, que não pode fingir que ensina democracia aos outros", emendou.
Em fevereiro, o presidente russo voltou a defender Trump, dizendo que "ele é uma pessoa mais experiente e previsível, um político da velha guarda", em relação ao adversário democrata.