Em discurso na praça Vermelha em comemoração aos 79 anos da capitulação da Alemanha nazista a tropas soviéticas em Berlim, o presidente Vladimir Putin acusou o Ocidente de apagar a História.
“Vemos como eles estão distorcendo a verdade sobre a Segunda Guerra Mundial – estão habituados a construir a sua política essencialmente colonial sobre a hipocrisia e a mentira. Eles demolem memoriais aos verdadeiros combatentes contra o nazismo e colocam traidores e colaboradores nazistas em pedestais", afirmou.
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Putin provavelmente está se referindo a Stepan Bandera, o nacionalista ucraniano que colaborou com Hitler mas hoje é herói oficial da Ucrânia.
Tropas ligadas direta ou indiretamente ao movimento banderista, como o batalhão neofacista Azov, foram incorporadas ao Exército da Ucrânia.
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Elas foram o braço paramilitar que sustentou o golpe de 2014 na Ucrânia, que impôs um governo pró-ocidental fortemente apoiado e influenciado por Victoria Nuland, a diplomata dos Estados Unidos que serviu como secretária-assistente de Estado para Negócios Eurasianos entre 2013 e 2017.
Nuland já se aposentou e a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, especulou:
Eles não vão te dizer o motivo. Mas é simples – o fracasso da política anti-russa do governo Biden. A russofobia, proposta por Victoria Nuland como o principal conceito de política externa dos Estados Unidos, está arrastando os democratas para o fundo [do mar] como uma pedra.
LUTA ANTICOLONIAL
A vitória soviética em 1945, na chamada Grande Guerra Patriótica, permanece vivíssima na memória dos russos, por causa dos sacrifícios que praticamente todas as famílias do país fizeram.
Putin, em seu discurso, costurou a comemoração com a luta anticolonial:
Estas [ações de esquecimento da História] fazem parte da política geral das elites ocidentais de incitar cada vez mais conflitos regionais, hostilidade inter-étnica e inter-religiosa para restringir o desenvolvimento de Estados independentes e soberanos.
A festa em Moscou acontece num momento em que a Rússia demole a infraestrutura energética da Ucrânia com bombardeios, que acompanham avanços terrestres em busca de formar o que o chanceler Sergei Lavrov definou como "cordão sanitário".
Trata-se de avançar posições dentro da Ucrânia para reduzir a chance de ataques ao território russo.
Um dos objetivos seria conquistar a importante cidade de Karkhiv, de onde a Ucrânia tem coordenado com milicianos russos ataques terrestres à região de Belgorod.
Instalar um "governo paralelo" ao de Putin em território russo teria grande valor simbólico no esforço de guerra da Ucrânia.