"Sim, a Rússia tem mais soldados e mais armas. Mas o Ocidente unido tem sistemas de armas mais modernos", disse o presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky em sua mais recente entrevista ao influente diário Bild, da Alemanha.
A Ucrânia pretende atacar, mas depende de armas, inclusive dos Estados Unidos, afirmou.
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Zelensky aproveitou a ocasião para deixar em maus lençóis o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, dizendo que recebeu mensagens dele segundo as quais Berlim não envia a Kiev os poderosos mísseis Taurus, com alcance de 500 quilômetros, para não ficar desguarnecida.
Publicamente, o governo da Alemanha diz outra coisa: que não quer escalar a guerra contra a Rússia.
Zelensky e aliados estão envolvidos numa feroz campanha para arrancar ajuda do Ocidente.
Talvez, por isso, estejam exagerando o risco.
Em uma de suas previsões, o presidente ucraniano disse que a Rússia está de olho em Kharkiv, o que pode obrigar a Ucrânia a fazer um deslocamento de tropas.
A falta de soldados é um dos problemas graves enfrentados pelo país. O Parlamento reduziu a idade de convocação de novos soldados de 27 para 25 anos de idade e prorrogou indefinidamente a rotação de soldados. São duas medidas altamente impopulares.
BOMBA DE UMA TONELADA E MEIA
O domínio aéreo russo foi ampliado com a utilização de bombas voadoras FAB-1500.
Elas pesam 1,5 tonelada, voam a até 1.200 km por hora e podem ser lançadas de aviões a 60 quilômetros do alvo, tornando a já escassa defesa aérea da Ucrânia ainda mais vulnerável.
Nos últimas dias, a Rússia tem feito intensos bombardeios contra a infraestrutura elétrica da Ucrânia. Por exemplo, destruiu a termelétrica de Trypilska, na região de Kiev, depois de ter atacado várias plantas hidrelétricas.
Moscou disse que é em resposta aos ataques de drones ucranianos contra a infraestrutura de petróleo e gás russa.
Onde conta, ou seja, na linha de contato, os soldados russos seguem avançando, ainda que lentamente.
Mesmo o Instituto para o Estudo da Guerra, baseado em Washington e francamente pró-guerra, tem feito análises baseadas em imagens geolocalizadas, muitas delas publicadas nas redes sociais pelos chamados blogueiros militares russos.
Elas dão conta de que a Rússia está próxima de conquistar Chasiv Yar, outra cidade estratégica.
Em uma fala recente, o presidente Vladimir Putin mencionou a criação de um "cordão sanitário", uma faixa suficientemente grande na frente de batalha para impedir que a Ucrânia ameaçasse a frota russa no Mar Negro ou a ponte que liga a Criméia diretamente a território russo.
Esta ponte seria um alvo ideal para os mísseis alemães Taurus, por exemplo.
A LINHA DE PUTIN
Analistas militares russos especulam que o objetivo de Moscou agora seria avançar até uma linha imaginária ligando Odessa a Kharkiv, negando acesso da Ucrânia ao mar Negro.
Além da Criméia, a Rússia já incorporou oficialmente a seu território as antigas províncias ucranianas de Kherson, Zaporizhzhia, Donetsk e Luhansk, embora não tenha controle militar completo sobre todas elas.
Se avançar ainda mais, terá dominado algumas das terras mais férteis da Ucrânia, além do porto de Odessa e da bacia do rio Dnipro.
Moscou refuta as propostas de negociação da Ucrânia, que sugerem um recuo às fronteiras de 1991, alegando que elas não estão de acordo com a realidade do terreno.
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) fala em um plano de 5 anos de duração e U$ 100 bilhões de ajuda à Ucrânia, projetando guerra sem fim, mas poderá ter dificuldades de tirá-lo do papel por conta do cansaço da opinião pública em bancar o conflito.
A Rússia estreitou relações com a China, a Coreia do Norte e o Irã -- dos últimos dois, tem recebido drones e peças de artilharia.