Numa guerra em que os blogueiros militares são as fontes mais confiáveis de informação, diante da propaganda oficial, Vladimir Putin está usando um museu ao livre para desmoralizar a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
O Parque da Vitória, em Moscou, já conta com um acervo de tanques, aviões e outras relíquias alemãs da Segunda Guerra Mundial.
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No próxima dia 9 de maio, a Rússia comemora o Dia da Vitória -- para marcar a data em que o marechal Wilhelm Keitel assinou a rendição das tropas nazistas diante do marechal Georgy Zhukov, da União Soviética, em Berlim.
Agora o parque ganhou uma exposição temporária com armas da OTAN capturadas na Ucrânia.
Um tanque alemão Leopard foi o acréscimo mais recente. De acordo com blogueiros russos, foi capturado quase intacto nas proximidades de Avdiivka, cidade conquistada pelos russos na Ucrânia em fevereiro.
Um jipe com a bandeira dos Estados Unidos e um blindado Bradley, de transporte de infantaria, "representam" os Estados Unidos na mostra, que também incluirá armas do Reino Unido, França, República Checa, Áustria e Austrália, além da Ucrânia.
Isso deixa claro que o governo Putin pretende usar a data para fazer propaganda dos avanços que vem fazendo nos quase 1000 km da frente de batalha.
MENTIRAS
Dois grupos ucranianos de monitoramento da guerra, que publicam seus dados nas redes sociais, estão levantando dúvidas sobre a versão oficial apresentada por oficiais do governo de Volodymyr Zelensky.
Além disso, de acordo com entrevistados no anonimato pelo diário Washington Post, Zelensky subestimou as perdas da Ucrânia até agora, com o objetivo de facilitar o recrutamento de novos soldados.
Ele admitiu a perda de 31 mil soldados em dois anos de guerra, mas a Rússia afirma que foram quase 500 mil.
Segundo o DeepState, um dos grupos ucranianos que acompanham minuciosamente a guerra, múltiplos avanços da Rússia estão acontecendo diariamente:
As forças não são iguais, os bastardos superam as forças de defesa na infantaria. Isso sem mencionar as FABs, artilharia e equipamentos.
As FABs, bombas que abrem asas depois de serem lançadas, carregam até uma tonelada e meia de explosivos e voam entre 60 a 70 quilômetros antes de atingirem posições ucranianas, escapando da defesa aérea.
As avaliações do DeepState coincidem com as de blogueiros militares russos como o Rybar, que sustenta suas postagens com vídeos geolocalizados.
Rybar diz que tropas russas estão conquistando vilarejos num ritmo muito acima do admitido pela Ucrânia.
Depois de receber um pacote de ajuda de U$ 61 bilhões dos Estados Unidos, o governo Zelensky quer que a entrega de armas e munições seja acelerada.
KHARKIV
Há mesmo motivo para preocupação em Kiev.
Apesar da Ucrânia ter mantido a capacidade de alvejar instalações militares importantes da Rússia, especialmente na Crimeia, Moscou vem minando a infraestrutura elétrica do inimigo com seguidos bombardeios de longa distância.
A derrubada da torre de TV de Kharkiv, segunda maior cidade da Ucrânia, com 1,3 milhão de habitantes, foi vista como sinal de que uma ofensiva da Rússia para conquistar a cidade está no horizonte, como disse há algumas semanas o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov.
Kharkiv, a 30 quilômetros da fronteira, é o hub de onde forças ucranianas e paramilitares tem atacado a região vizinha de Belgorod, com o suposto objetivo de criar um governo alternativo ao de Putin em território russo.
O Corpo de Voluntários Russos e a Legião da Liberdade para a Rússia, com apoio da Ucrânia e do Ocidente, fizeram uma série de incursões, sem resultados notáveis.
O Instituto para o Estudo da Guerra, um think tank pró-Ucrânia de Washington, avalia:
A Rússia provavelmente terá ganhos táticos significativos nas próximas semanas, enquanto a Ucrânia espera que a ajuda de dos EUA chegue à frente de batalha, mas é improvável que as forças russas atropelem as defesas ucranianas.
Com a ofensiva de verão aparentemente antecipada, a Rússia se aproxima de Chasiv Yar, cuja conquista abre espaço para controle total de Moscou sobre a província de Donetsk.
Seria uma vitória significativa para Putin celebrar no 9 de maio, uma vez que a Rússia já incorporou oficialmente toda a província a seu território.