O primeiro julgamento criminal de Donald Trump começa nesta segunda-feira (15). O 45º presidente acredita que pode vencer – não importa o que o júri decida. Trump vai transformar qualquer resultado em seu benefício e, se for condenado, vai se tornar o primeiro criminoso a ganhar a Casa Branca.
Será a primeira vez que um ex-presidente dos EUA sentará no banco do reús em um julgamento criminal na história do país. Trump responderá a 34 acusações relacionadas ao pagamento de suborno para uma ex-atriz pornô em 2016.
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Os promotores de Manhattan, que acusaram Trump de falsificar registros para encobrir um escândalo sexual, tem vantagens que incluem uma lista de testemunhas internas e um júri formado por um dos condados mais liberais do país.
O ex-presidente e alguns assessores e advogados admitem reservadamente, informa o The New York Times, que é improvável que um júri o absolva totalmente, de acordo com pessoas com conhecimento das discussões.
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Assim, Trump, o presumível candidato republicano para 2024, tenta escrever a própria realidade, contando uma história que ele acredita que poderá pavimentar o seu regresso à Casa Branca.
Ele tentou, em vão, atrasar o caso como prova de que não pode receber um julgamento justo. Para isso se vestiu de mártir político sob ataque da acusação e do juiz.
Para conseguir a absolvição, ele considera testemunhar para persuadir pessoalmente os jurados de sua inocência.
Seria uma medida rara e arriscada para a maioria dos réus. Mas Trump está colocando sua própria marca no papel, atacando o promotor público que abriu o caso, Alvin L. Bragg, com todo o poder de seu púlpito agressivo. Espera-se que esse comportamento e seus tremores continuem durante um julgamento de semanas.
Trump, 77 anos, utiliza as mesmas táticas que fizeram dele a figura política singular da última década. Desde que anunciou a sua primeira candidatura presidencial, ele tem arrasado a vida estadunidense ao atacar as normas políticas e culturais à medida que avança.
Ele surpreendeu o mundo como o vencedor insurgente nas eleições de 2016, sofreu duas acusações de impeachment como presidente e levou a democracia ao limite como o titular que se recusou a admitir a derrota nas eleições de 2020.
Agora, com a seleção do júri começando na segunda-feira, Trump se tornará o primeiro ex-presidente dos EUA a ser julgado por acusações criminais.
Ganhando ou perdendo, ele será o primeiro candidato presidencial cujo destino político, antes de ser decidido por milhões de eleitores, será moldado por 12 pessoas num júri.
O que levou Trump ao banco dos réus
Donald Trump foi indiciado em 2023 pela justiça de Nova York. De acordo com a acusação, Trump teria adulterado documentos legais na tentativa de esconder um pagamento de suborno feito a Stormy Daniels.
Daniels, ex-atriz pornô , afirma ter tido um caso com o ex-presidente logo após Melania Trump, ex-primeira dama, ter dado luz ao filho Barron Trump. Para abafar o caso, durante a eleição de 2016, Trump teria ordenado o pagamento de um suborno de US$ 130 mil (R$ 660 mil).
Trump declarou o valor como pagamentos de taxas legais a seu então advogado, Michael Cohen. Foi Cohen, em 2016, que fez o pagamento a Daniels.
Em abril de 2018, o escritório de Cohen foi alvo de uma operação do FBI. Lá, os oficiais apreenderam milhões de arquivos digitais. Trump tentou, então, se distanciar do advogado. Foi aí que Michael Cohen aceitou delatar o republicano.
Dos 4 casos criminais contra Trump, porém, esse é visto como o mais fraco. Primeiramente por se tratar de um crime que poucas pessoas entendem e, em segundo lugar, por não se tratar de um crime perpetrado graças à sua posição como presidente.
O julgamento
O julgamento de Donald Trump começa oficialmente nesta segunda-feira e está previsto para durar entre 6 e 8 semanas. Em contraste com audiências anteriores, Trump é obrigado a comparecer fisicamente todos os dias.
O foco inicial será na seleção do júri, que se espera ser uma tarefa árdua devido à necessidade de imparcialidade. A Procuradoria de Manhattan enviou 500 intimações de comparecimento na busca por 12 jurados para decidir o destino do ex-presidente.
Os potenciais jurados serão minuciosamente questionados sobre sua relação com Trump nas redes sociais, associações a grupos como QAnon, Proud Boys, Antifa, e suas opiniões sobre o ex-presidente. Cada um dos 34 crimes dos quais Trump é acusado pode resultar em até 4 anos de prisão, sem possibilidade de perdão presidencial, pois se trata de crimes estaduais.
Não está prevista a transmissão televisiva do julgamento.