Você venderia seus dados biométricos para uma empresa proibida de operar em diversos países em troca de alguns dólares? Essa pergunta é fácil de responder: depende do dinheiro e de quanto dinheiro se tem no banco.
Por US$ 80, muitos argentinos estão decidindo fazer a troca.
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A empresa Worldcoin, uma criptomoeda gerida por Sam Altman, o dono da OpenAI e do ChatGPT, tem oferecido este modelo aos seus usuários: em troca de sua íris, você recebe um valor na criptomoeda.
Desde 2023, quando a crise econômica começou a aumentar drasticamente a pobreza na Argentina no governo Alberto Fernández, a empresa enxergou no país um local para expansão.
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Agora, por conta do agravamento da crise, com aumento da inflação, demissões em massa e desvalorização da moeda, os argentinos fazem filas nos postos da empresa para conseguir qualquer grana.
O modelo de negócio da WorldCoin é o seguinte: ao olhar para a objeto, uma esfera metálica, a empresa cria uma cópia digital da íris.
Depois da coleta, distribui-se uma quantia X de criptomoedas para o usuário.
Assim, a empresa cria um sistema de "autenticação" com os dados pessoais de milhões de pessoas. Somente em Portugal, mais de 50 mil pessoas entregaram seus dados para a WorldCoin.
Os governos de Portugal e Espanha proibiram a operação da empresa, que estendeu seus tentáculos para o terceiro mundo, onde crises econômicas se intensificam. O maior mercado, agora, é a Argentina.
A ideia é criar uma base de dados de autenticação global para, futuramente, substituir documentos oficiais.
A gestão Milei, que autorizou o pagamento por escambo em seu Decreto Nacional de Urgência, não enxerga problemas na transação e encoraja o uso de criptomoedas através de suas redes sociais.
Foi o próprio presidente, inclusive, que se disse a favor da legalização da venda de órgãos na Argentina e à formalização de um mercado deste tipo em 2022.
E pouco a pouco, o presente vai se tornando uma distopia.